Análises, resultados e bônus – A leitura do TUF 24 Finale: Johnson vs. Elliott

Kauê Macedo analisa os destaques do TUF 24 Finale

Pela centésima sétima vez em sua história, o UFC foi até Las Vegas para realizar mais um grande evento de MMA, dessa vez no Palms Casino Resort, o qual não visitava desde dezembro de 2014. Curiosamente, o último evento nesse cassino também foi um TUF Finale com o finalista disputando o cinturão linear da categoria.

Na luta principal da noite, Demetrious Johnson, primeiro e único campeão peso mosca da história, líder do ranking peso por peso do UFC e melhor lutador da atualidade (na ausência de Jon Jones), colocou seu cinturão em jogo pela nona vez, dessa vez contra Tim Elliott, que foi demitido do UFC ano passado, se tornou campeão do Titan FC, venceu o TUF 24 e retornou ao Ultimate disputando o cinturão. História interessante, pena que com resultado previsível.



Demetrious Johnson começou a luta mostrando a eficiência do seu sistema defensivo anulando os avanços de Tim Elliott e logo colocou para baixo, como já era esperado de sua parte. Em poucos segundos, ele já tinha avançado para uma chave de braço, mas o desafiante se defendeu e, após uma troca de posições, ele encaixou uma bela guilhotina no campeão e depois mudou para um triangulo de mão muito bem encaixado. Como se não bastasse, Elliott ainda encaixou um belo cruzado de esquerda no queixo do campeão, que praticamente foi a knockdown (nem o UFC nem o FightMetric contabilizou como). Por pouco não vimos a maior zebra da história do MMA. A vantagem no round foi clara de Tim, mas Demetrious quedou, acertou golpes, teve controle posicional e uma tentativa de finalização, então a margem não foi grande. Marquei 10-9 para o desafiante.

Em todos os outros quatro rounds, DJ fez a lição de casa e saiu com a vantagem na pontuação. Ele quedou em todos os outros rounds, teve muito mais tempo de controle posicional por cima no solo em todos, acertou os melhores golpes em todos, além de fazer um ótimo trabalho tático, controlando a distância, fazendo um belo trabalho de pernas e movimentação, sendo muito mais rápido e controlando todas as ações em âmbito geral. Marquei 10-9 para o campeão nos últimos quatro rounds.

Demetrious Johnson sofreu muito no primeiro e correu sérios riscos, além de ter sofrido com a força física e com o ímpeto de Tim Elliott, mas, no geral, ele foi bem e conseguiu controlar a luta, defendendo seu cinturão com sucesso mais uma vez e provando que é o mais dominante campeão do UFC há pelo menos desde 2015.

Com essa vitória, Mighty Mouse soma 9 defesas de cinturão consecutivas, passando Jon Jones, que tem 8, igualando a marca de Georges St. Pierre, que tem 9, e ficando uma atrás de Anderson Silva, que tem 10 e é detentor do recorde da organização. A menos que Demetrious suba de categoria, seu próximo desafiante deve ser Joseph Benavidez, o qual o campeão já venceu duas vezes. Então, a chance de Anderson ter seu recorde igualado é bem alta.

 

A co-luta principal foi muito equilibrada e de nível altíssimo. Joseph Benavidez, duas vezes desafiante ao cinturão do UFC e uma ao do WEC, enfrentou Henry Cejudo, ex-desafiante ao cinturão do UFC e campeão olímpico de wrestling, na luta que teve o maior embate técnico e tático em todo o evento.

Durante toda a luta, Henry Cejudo pressionou bastante e foi mais agressivo, enquanto Joseph Benavidez tentava controlar a distância e usar a movimentação a seu favor.

Benavidez tinha que encurtar para tentar trocar da forma que queria, mas Cejudo sempre respondia com um pocket agressivo, lançando golpes rápidos e fortes. Joseph não mostrou medo daquilo a principio, até receber um belo golpe e ir a knockdown, a partir daí, a estratégia nessa parte foi mais conservadora.

Alguns dos fatores mais importantes na luta foram a velocidade de Benavidez, que era visivelmente maior, e a força física de Cejudo, que ficava clara na troca de golpes.Henry também era mais agressivo e ia controlando o centro do octógono, enquanto Benavidez ia se movimentando lateralmente, tentando bater e sair e evitando a curta distância. E algo que afetou muito o campeão olímpico na pontuação foi o ponto que perdeu no primeiro round, por ter desferido dois chutes baixos no adversário (a dedução veio no segundo).

Benavidez teve muito problema para golpear porque sempre que ele encurtava, Cejudo respondia com uma sequência de socos com muita potência, o que não deixava Benavidez trabalhar da forma que queria, além de garantir vantagem para Cejudo na pontuação devido ao volume e a contundência. Benavidez também não conseguiu ficar a vontade devido à pressão de Cejudo, que ele não conseguiu lidar muito bem nos primeiros rounds. Geralmente, quem controla as ações e anda para frente nas lutas é o próprio Benavidez.

Em partes do segundo e do terceiro round, o nível de pressão de Cejudo diminuiu e ele trabalhava de forma diferente, cedendo o centro do cage e tentando controlar a distância, e foi ai que Benavidez conseguiu crescer na luta. Os chutes no corpo que Cejudo desferiu em Benavidez foram tão efetivos que ele parecia cançado já no terceiro round, coisa que não costuma acontecer com ele nem no quinto. No terceiro round, Benavidez melhorou, conseguiu responder a pressão e, utilizando sua velocidade e controle de distância, venceu o terceiro round.

No final das contas, marquei 28-28, sendo 9-9 no primeiro (10-9 para Cejudo, mas com a dedução do ponto ficou 9-9), 10-9 Cejudo no segundo e 10-9 Benavidez no terceiro.

A incoerência na concordância dos juízes foi grande (pra variar) e as pontuação foram totais extremos. No primeiro round, Derek Cleary e Marcos Rosales marcaram 9-9, enquanto Glenn Trowbridge marcou 10-8 Benavidez. No segundo e terceiro round, Derek Cleary e Glenn Trowbridge marcaram dois 10-9 para Benavidez, enquanto Marcos Rosales marcou dois 10-9 para Cejudo. Ou seja, NENHUM juiz marcou as mesmas pontuações, NENHUM! Que coisa mais bizarra.

 

Por hoje é só, confira também os resultados e bônus oficiais do evento:

Demetrious Johnson venceu Tim Elliott por decisão unânime (49-46, 49-46 e 49-45)

Joseph Benavidez venceu Henry Cejudo por decisão dividida (27-29, 30-26 e 29-27)

Jorge Masvidal venceu Jake Ellenberger por nocaute técnico aos 4m05s do R1

Jared Cannonier venceu Ion Cutelaba por decisão unânime (29-28, 29-28 e 29-28)

Sara McMann venceu Alexis Davis por finalização aos 2m52s do R2

Brandon Moreno venceu Ryan Benoit por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)

Ryan Hall venceu Gray Maynard por decisão unânime (30-27, 30-27 e 29-28)

Rob Font venceu Matt Schnell por nocaute técnico aos 3m47s do R1

Dong Hyun Kim venceu Brendan O’Reilly por decisão unânime (29-28, 29-28 e 29-28)

Jamie Moyle venceu Kailin Curran por decisão unânime (30-27, 30-27 e 30-27)

Anthony Smith venceu Elvis Mutapcic por nocaute aos 3m27s do R2

Devin Clark venceu Joshua Stansbury por decisão unânime (30-27, 30-27 e 29-28)

Luta da noite: Jared Cannonier x Ion Cutelaba

Performance da noite: Sara McMann e Anthony Smith

 

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Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
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