Entrevista com Jean Felipe “Tchê”, detentor do cinturão dos leves do Energy Fight Champions/RO

O gaúcho, natural de Soledade no Rio Grande do Sul, Jean Felipe Prestes dos Santos, tem 26 anos e em seu último combate conquistou o cinturão dos leves no...

O gaúcho, natural de Soledade no Rio Grande do Sul, Jean Felipe Prestes dos Santos, tem 26 anos e em seu último combate conquistou o cinturão dos leves no evento EFC, Energy Fight Champions, que aconteceu em Rondônia.

No cartel, incompleto, ele conta com 4 triunfos e nenhum revés, porém ainda não foi atualizado sua última vitória, a qual conquistou o cinturão do EFC. Jean soma com a última vitória, 4 finalizações e um nocaute.



Foto: Renato Pereira

Foto: Renato Pereira

Confira o bate papo com o atleta que abriu o jogo para o Nocaute na Rede e contou todos os detalhes de sua história e trajetória no mundo das lutas:

Conte um pouco sobre você e qual sua principal motivação para se tornar lutador?

Desde pequeno sempre fui forçado a fazer o que meus pais queriam que eu fizesse e por ter um temperamento forte, eu era uma criança hiperativa, até hoje sou, fazia muita bagunça na escola, sofria grandes surras do meu pai quando criança e queria muito treinar Taekwondo em uma escola que havia no meu prédio, mas nunca dava. O tempo passou e com uns 16 anos conheci o Boxe, as surras dentro de casa continuavam e eu já com conhecimento de Boxe, não revidava por respeito e para não haver alguma desgraça na família, cansei de chegar nos treinos e extravazar a raiva no saco de pancadas, meu primeiro professor de Boxe foi o grande Mario Thadeu, sempre foi um bom exemplo pra mim, sempre me aconselhava para o bem e falava que um lutador não poderia ser burro, lutador tinha que respeitar sua família, lutador tem que fazer o bem ao próximo e um bom lutador não deveria aprender ou se ater a só uma modalidade. Foi com ele então que comecei a pegar aulas de Submission e Jiu Jitsu, ele me ensinou tudo que sabia de Boxe e Kickboxing, ele era o único faixa azul de Jiu Jitsu Brasileiro e Graduado no Judô que tinha em Soledade/RS, minha cidade natal. Um dia criei vergonha na cara e resolvi ir embora de casa, conversei com meu professor e ele me disse: “Eu já te ensinei todo o pouco que eu sei, agora está na hora de você aprender mais, pode ir e sempre conte comigo”.

Com 70 reais no bolso e com uma mala de roupas e nada certo na vida, fui para a cidade de Balneário Camboriú em Santa Catarina com um sonho de aprender mais Jiu Jitsu. Ralei pra caramba, consegui três empregos e treinava muito todo dia, comecei a treinar com o Mestre Reinel Spyker da PS Phoenix BJJ do Mestre Paulo Sérgio Santos. Conheci a Luta Livre através do Mestre Marcelo Brigadeiro, Muaythai e Boxe Pro através do Zelly, Eduardo Golden, Antonio Bispo e Alan Dos Santos. No MMA treinei com os melhores da região sul na RFT e Astra Fight onde me encantei mais ainda com as lutas, fiz muitos amigos em Santa Catarina, as vezes tinha a mesa farta, as vezes não, não vejo com tristeza as surras que meu pai me dava, vejo isso com bons olhos, sou um cidadão do bem, ajudo as pessoas, pago minhas contas, nunca piso em ninguém, respeito todos(desde que me respeite também). Agora morando em Campo Grande no Mato Grosso do Sul, perdi meu Mestre de Muay Thai que sempre me ajudava um monte, o Bi-Campeão Mundial Eduardo Maiorino(in memorian), continuo ralando um monte, mas o principal disso tudo é que: Quando sai de casa há muitos anos atrás, jamais alguém ia bater em mim de novo e quando entro na jaula tudo que tenho de ruim e mal, sai de dentro de mim, costumo dizer que é o meu “Monstro” e o meu monstro adora entrar lá no cage e fazer a festa, quando termina a luta e a jaula abre a vida normaliza tudo de volta, até chegar a próxima vítima. Também posso dizer que o que me motiva é poder ajudar o próximo, através da arte marcial, se não fosse as lutas e as surras do meu pai, eu não sei o que seria de mim hoje. Graças ao meu bom Deus, tenho portas abertas em todos lugares aonde eu passo, isso é o reconhecimento por ser uma pessoa de bom caráter e de boa índole.

O que você almeja daqui para frente na sua carreira profissional?

Pretendo continuar treinando e trabalhando forte até chegar nos meus objetivos, sei que não está muito longe e todos que me acompanham e tem carinho por mim irão ficar muito felizes com as boas novidades que logo chegarão.

Jean Felipe TCHE‏

Como foi a sua atuação no último combate?

Foi a luta mais sofrida e também a mais rápida. Deus é bom demais pra mim e quanto mais eu treino mais sorte eu tenho. Minhas lutas eu não deixo na mão de juizes, ou é nocaute ou finalização, desta vez não foi diferente, finalizei em menos de 3 minutos.

Como era seu adversário?

Meu adversário era um boxer das antigas de Rondônia, longa envergadura, boxe pesado e redondinho, boas defesas de queda. Como também iniciei no Boxe estava tranquilo, prevaleceu minha estratégia e ajuda dos meus corners e todo treinamento específico para meu adversário.

Qual foi ou qual é seu maior obstáculo no MMA?

Posso afirmar que não tenho muitos obstáculos, porque graças ao meu bom Deus sempre fui atrás e conquistei tudo que quis, fico chateado com promotores de eventos safados que não honram seus compromissos e lesam atletas não pagando o valor combinado da bolsa alegando que não deu público ou sei lá o que. Em 9 lutas, já tomei 2 calotes e isso sim é um obstaculo no MMA, é uma vergonha, o lutador se prepara, gasta o que não tem pra honrar seus compromissos e alguns donos de evento lesam as pessoas, gente safada é fogo!

Qual a sensação de ser o dono do cinturão peso leve do EFC?

Agora mais na calma me sinto bem de estar conquistando meu espaço, degrau por degrau, esse cinturão representa todo esforço, comprometimento e dedicação que venho tendo ao longo dos anos. É uma honra poder voltar do campo de batalha com mais uma vitória para casa, acho bacana também o fato de mais um Gaúcho estar se destacando na multidão.

Lá na hora tive alunos meus que não foram nada bem nas lutas e um deles tinha ido para o hospital e isso tava me cortando a alma, queria ir logo com eles lá no hospital e ver como estavam, entrei naquele cage com muito mais foco para terminar a luta logo, não me apego muito nessas ostentações de cinturão, é legal, mas é tudo passageiro, é se manter treinando e conquistar mais, zelar as pessoas importantes que nos fazem bem e estão perto de nós.

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Escrito por Renan Assunção



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