Entrevista exclusiva: 5 rounds com Curtis Blaydes

Kaue Macedo entrevista o prospecto dos pesos pesados, Curtis Blaydes.
Foto: Reprodução

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Um dos nomes que mais tem chamado atenção na categoria dos pesos pesados é o de Curtis Blaydes, um jovem lutador de apenas 26 anos, quase um bebê para a categoria.

Nascido em Naperville, Illinois, mas criado em Chicago, Blaydes competiu no wrestling pelo De La Salle Institute, onde foi campeão estadual e obteve um recorde invicto de 44 vitórias e nenhuma derrota, e pelo Harper College, onde foi campeão do NJCAA National Championship.



Pouco tempo depois, Curtis abandonou os estudos e o wrestling para competir no MMA. Como amador, acumulou 8 vitórias e nenhuma derrota e começou a chamar atenção no esporte. Ao migrar para o profissional, obteve uma ótima sequência de 5 vitórias e nenhuma derrota, todas por nocaute, e foi contratado pelo UFC, a maior organização de MMA do planeta. No Ultimate, estreou com derrota para o último desafiante ao cinturão peso pesado, o assustador Francis Ngannou, mas se recuperou bem e hoje vem de quatro vitórias consecutivas, todas por nocaute.

No próximo sábado, 11 de feveiro de 2018, Blaydes enfrenta o condecorado Mark Hunt, veterano do Pride, UFC e campeão do K-1, na segunda luta mais importante do UFC 221, que acontece na Perth Arena, em Perth, Austrália.

Confira a seguir as cinco perguntas que fiz para Curtis Blaydes e suas respectivas respostas.

Kauê Macedo: Desde antes de iniciar sua carreira Professional no MMA, Mark Hunt tem competido no mais alto nível dos esportes de combate e criou um nome muito forte nesse mundo, principalmente ao vencer o K-1 World Grand Prix em 2001. Não apenas isso, ele tem enfrentado os melhores do mundo no MMA desde 2004, quando venceu os lendários Wanderlei Silva e Mirko Cro Cop no Pride, até os tempos atuais, disputando cinturão interino do UFC em 2014, fazendo a luta de mais destaque do UFC 200 e nocauteando um top 5 em seu último combate. O quanto sua experiência poderá influenciar nessa luta, em que momentos isso fará falta para você e como você lidará com isso?

Curtis Blaydes: Eu não estou preocupado com a experiência de Mark Hunt, venho enfrentando e vencendo vários lutadores com mais lutas do que ele.

Kauê Macedo: Você tem se mostrado uma grande promessa no esporte, vencendo todos os seus adversários com exceção do último desafiante ao cinturão, Francis Ngannou. Você tem um bom background no wrestling e aplica as quedas muito bem ao MMA, além de mostrar uma constante evolução no esporte. Como você definiria seus pontos fortes e fracos e qual será sua maior vantagem na luta?

Curtis Blaydes: Meu ponto forte é o wrestling e a luta agarrada, são minhas armas principais, enquanto meu ponto mais fraco é o jiu-jitsu. Minha maior vantagem será física, principalmente no tamanho, além das quedas do wrestling.

Kauê Macedo: Enquanto você é um ótimo wrestler, Mark Hunt é um grande striker, com um poder de nocaute assustador, ótima noção de distância e um timing muito acima da média. Como você definiria seu adversário e quais seus pontos fortes e fracos?

Curtis Blaydes: Ele tem mãos boas e muito pesadas, seus pontos fortes são exatamente os que citou, sua trocação e seu timing, enquanto seus pontos fracos são o wrestling e a luta agarrada como um todo.

Kauê Macedo: Um lutador profissional tem uma experiência de vida que pouquíssimos seres humanos experimentarão algo que chegue perto disso. Um artista marcial tem de dedicar sua vida a treinar as técnicas que nunca param de evoluir, preparar seu corpo para o mais violento dos combates e treinar sua mente para aguentar toda essa pressão. Alguns chegam ao mais alto patamar do esporte e conquistam uma confortável situação financeira, outros não tem escolha a não ser viver de lutar pelos mais baixos pagamentos sem ter a certeza de que isso um dia dará bons resultados. Com todas essas possibilidades, tanto para o bem quanto para o mal, o que é ser um lutador para você?

Curtis Blaydes: É apenas um trabalho para mim, não minha vida, como é para muitos outros lutadores. Eu planejo me aposentar bem antes do meu corpo me obrigar a fazê-lo e, quando me aposentar, planejo estar muito bem financeiramente.

Kauê Macedo: Por último, uma pergunta simples, mas intrigante. Se você recebesse 100 mil dólares para apostar nessa luta, qual seria seu palpite?

Curtis Blaydes: Apostaria em Curtis Blaydes por decisão

 

Agora, farei uma análise das respostas do lutador.

“Eu não estou preocupado com a experiência de Mark Hunt, venho enfrentando e vencendo vários lutadores com mais lutas do que ele.”

É difícil saber quando um lutador fala algo apenas da boca para fora. A experiência de Mark Hunt é um dos principais elementos de seu jogo, ele tem competido em alto nível nos esportes de combate há muitos anos e já deu muito trabalho para excelentes lutadores ex-campeões mundiais como Júnior Cigano e Fabrício Werdum. Se Blaydes realmente ignorar esse importante fator, ele pode se surpreender com o passar do combate e não estar preparado para nadar em águas profundas com Hunt.

“Meu ponto forte é o wrestling e a luta agarrada, são minhas armas principais, enquanto meu ponto mais fraco é o jiu-jitsu. Minha maior vantagem será física, principalmente no tamanho, além das quedas do wrestling.”

Blaydes foi bem direto nessa resposta e acertou em tudo, seu ponto forte realmente é o wrestling e seu tamanho influenciará muito na luta. O interessante foi o fato dele ter citado o jiu-jitsu como ponto fraco.

Essa não foi uma afirmação equivocada levando em conta sua luta contra Mark Hunt, já que a pergunta foi qual seu PONTO FRACO, e não sua maior DESVANTAGEM, existe uma grande diferença e o lutador interpretou corretamente, coisa que alguns leitores não fariam sem o aviso.

Voltando, achei interessante o fato dele ter citado o jiu-jitsu como ponto fraco por se tratar de um lutador que tem seu jogo focado na luta agarrada. O jiu-jitsu é fundamental para qualquer lutador que queira ter o controle da luta no solo, mantendo ou avançando posições, além de disponibilizar um alto número de armas para o arsenal ofensivo do lutador. Era esperado pela maioria que ele respondesse a trocação como ponto fraco, mas, pelo visto, Blaydes ainda tem muito a aprender na luta agarrada.

“Ele tem mãos boas e muito pesadas, seus pontos fortes são exatamente os que citou, sua trocação e seu timing, enquanto seus pontos fracos são o wrestling e a luta agarrada como um todo.”

Apesar de não se aprofundar, Blaydes foi correto na afirmação. É interessante que ele tenha essa visão clara dos pontos fortes e fracos de seu adversário, que casam, para o bem ou para o mal, com seus pontos fortes e fracos. Isso o possibilita traçar uma estratégia clara para a luta, mas uma estratégia que, aparentemente, não deve ter um plano B efetivo.

“É apenas um trabalho para mim, não minha vida, como é para muitos outros lutadores. Eu planejo me aposentar bem antes do meu corpo me obrigar a fazê-lo e, quando me aposentar, planejo estar muito bem financeiramente.”

Dessa pergunta é esperada uma reflexão mais filosófica e cultural do lutador, mas Blaydes não o fez. Apesar disso, ele deu informações interessantes nessa resposta. Já sabemos que ele não pretende lutar até muito tarde nem arriscar sua saúde pelo esporte, o que é algo inteligente a se fazer. Outra coisa, ele tem tratado o esporte apenas como um trabalho, coisa rara no meio, receio que isso possa causar alguma falta de motivação no futuro caso haja uma fase muito ruim em sua carreira.

“Apostaria em Curtis Blaydes por decisão.”

Minha aposta é a mesma do lutador, Curtis Blaydes vence Mark Hunt por decisão.

 


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Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
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