Entrevista Exclusiva com Luana Pinheiro, destaque do Brave 11

Kauê Macedo entrevista a ex-judoca Luana Pinheiro, um dos destaques do Brave 11
Luana Pinheiro (Foto: Reprodução)

Luana Pinheiro (Foto: Reprodução)

O MMA nacional tem sido um dos principais palcos de revelação de lutadores brasileiros. Anos atrás, o Jungle Fight era o passaporte para o UFC, mais recentemente, o Aspera FC tem tomado esse posto, mas um novo nome vindo do exterior chega para bater de frente, o Brave, uma das maiores organizações do mundo.

O Brave será um dos maiores eventos de MMA na próxima sexta-feira e, entre seus melhores lutadores, trás uma grande promessa consigo, a judoca Luana Pinheiro. Com 25 anos e uma experiência valiosa no grappling, a mineira já muita história para contar.



“O Judô entrou na minha vida muito cedo, aos dois anos de idade, dei meus primeiros passos no tatame, meu pai foi meu primeiro Sensei, junto com a minha mãe. Venho de uma família de judocas, todos faixas pretas. Tive muitas experiencias no judô, desde dos meus 5 anos, participo de competições e a partir dos 10 anos comecei a competir fora, campeonatos brasileiros, seletivas, entre outros. Aos 18 anos mudei pra BH, contratada pelo Minas tênis clube. Um dos meus principais títulos foram o campeonato brasileiro, sul-americano, grand prix de qindao-China, grand prix interclubes e participei da primeira seletiva olímpica rio 2016. Foram muitos momentos marcantes na minha vida, competi bastante no judô. Todo ano era campeã estadual, e sempre representei meu estado PB, e quando mudei pra BH, representei MG. E tive a honra de representar meu país. Sou muito grata por tudo que o judô me proporcionou.”

Quando pensamos em um judoca no MMA, é impossível não nos lembrar de Ronda Rousey, a maior campeã da história do UFC. Inevitavelmente, Luana já tem uma grande inspiração no novo esporte.

“A Ronda mirou meus olhos pro MMA. Antes eu não acompanhava o esporte. Mas desde que ela entrou pro UFC, pelo fato de ser judoca, chamou muito a minha atenção, e comecei a acompanha-la. Se hoje eu to no MMA, ela tem grande parte nisso, ela que despertou o meu interesse pelo esporte.”

Uma parte fundamental na migração de um atleta de uma arte marcial para o MMA é a adaptação dessa arte para um esporte com outras regras. Essa adaptação pode ser mais fácil quando muitos outros lutadores já a fizeram e a desenvolveram, como acontece com o jiu-jitsu, wrestling e até o muay thai, mas esse não é o caso do judô, o que faz Luana ter um desafio importante pela frente.

“Sempre gostei de fazer handori ( treino de luta no judô ) sem a parte de cima do kimono. Sempre pedia pro sensei Floriano Almeida (que foi meu sensei durante toda minha carreira representando o Minas Tenis Clube), colocar no treino. Adorava porque me sentia mais solta sem o kimono e achava muito legal. Era um treino mais divertido, por ser diferente do que costumávamos fazer. Acho que isso já me deu uma boa base pro MMA, pois ja me dava uma ideia de como seria lutar sem poder usar as pegadas no kimono. Os golpes que eu mais aplico no MMA, são os golpes que costumava fazer no judô.”

Em 1993, o desconhecimento do jiu-jitsu brasileiro possibilitou a família Gracie dominar o mundo das artes marciais, superando qualquer outro lutador do mundo. Porém, com o passar dos anos, essa dominância perdeu a eficácia devido a grande procura pelo jiu-jitsu por parte dos praticantes de outras lutas, o que ocasionou uma gigantesca divagação desse estilo de luta, que consolidou o jiu-jitsu brasileiro como uma das mais importantes artes marciais de todos os tempos, apesar da pouca idade.

No MMA, é imprescindível que um lutador tenha um bom arsenal técnico e sistema defensivo em três estilos de lutas: jiu-jitsu, wrestling e muay thai. Essa é a base mais tradicional nas artes marciais mistas, mas alguns atletas, como Lyoto Machida ou Ronda Rousey, se sobressaem e conquistam o mundo com um estilo diferente, que, curiosamente, é o caso de Luana Pinheiro.

 “Acho que o judô te da uma grande noção corporal, habilidades e coordenação. Sinto facilidade em aprender coisas novas. Não vejo como uma vantagem, mas sim como um ponto positivo, pois os golpes do judô são diferentes do que a galera costuma fazer no MMA, é como se fosse um tempero a mais na comida.”

Apesar desse diferencial que pode fazer a diferença numa luta, Luana não tem muita experiência numa das partes mais fundamentais do jogo, a boa, velha e violenta trocação.

“A trocação é um grande desafio pra mim, por ser algo completamente diferente do que costumava fazer. Mas é uma modalidade que eu me apaixonei e me dedico muito para aprendê-la. Meu técnico de boxe, Joel Laje da equipe Boxe Velha Guarda me ensinou os primeiros passos na luta em pé. Quando comecei a treinar boxe, não sabia nem dar um jab, rs. Já se passaram dois anos que estamos trabalhando juntos, sinto que já evolui bastante, mas sei que ainda tenho muito que aprender.”

Nós, como grandes fãs do esporte, sempre procuramos diamantes brutos pelos eventos secundários de MMA. Não é surpresa para ninguém que estávamos de olho em Conor McGregor, Luke Rockhold, Daniel Cormier, Cody Garbrandt e tantos outros antes mesmo deles fazerem suas estreias pelo UFC. Luana agrada esse tipo de fã, mas também atrai aqueles que gostam apenas do espetáculo e de batalhas violentas.

“Quando me verem lutar, podem esperar uma lutadora agressiva e com muita sede de vitória. Tenho me dedicado muito na minha evolução no MMA, cada vez que eu pisar dentro do cage vocês verão a minha melhor versão. Como disse antes, estou muito focada na minha evolução diária. Tenho me dedicado muito e sei que vou voar muito alto. Tenho o céu como limite!”

Luana Pinheiro luta nesta sexta-feira, 13, contra Elaine “Pantera” Leal (5-4), ex-Shooto Brasil, no Brave 11, que acontece em Belo Horizonte, Minas Gerais. O combate acontece no peso palha e é o segundo com mulheres na história da companhia.



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Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
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