José Aldo promete encerrar em definitivo seu contrato com o UFC na próxima semana.

O atleta mostrou indignação com a política adotada pelo Ultimate para liberação de seu contrato e prometeu perder de propósito caso seja forçado a lutar novamente.
(Foto: MMA Weekly)




A briga entre José Aldo e o UFC está longe de terminar. O atleta busca incansavelmente encerrar em definitivo seu contrato com o Ultimate, mas a organização se mostra difícil e arredia, não querendo encerrar o contrato de jeito nenhum. Aldo, que já reiterou não ter nenhum interesse em lutar e que sua aposentadoria é irreversível, encontra problemas em finalmente desvincular-se do UFC, principalmente com Dana White, que já afirmou diversas vezes que não cancelará o contrato do brasileiro, o que motivou o atleta a até procurar ajuda judicial para resolver o percalço.



Aldo informou que irá a Las Vegas no dia 19 de Outubro, quarta-feira, para sentar-se com a cúpula administrativa do UFC e resolver a sua situação. O campeão interino dos pesos-pena reforçou a desmotivação com o UFC e os recentes eventos envolvendo a sua categoria e ainda alegou que lutou contra Frankie Edgar contrariado e que queria ter se retirado do esporte antes desta luta acontecer, até Dedé Pederneiras persuadí-lo a aceitar este último desafio. Aldo foi enfático em dizer que nenhum dinheiro o faria mudar de idéia e que nenhuma outra organização o faria pensar em lutar novamente.

Aldo com o (ex?) patrão Dana White (Foto: BJ Penn.com)

Aldo com o (ex?) patrão Dana White (Foto: BJ Penn.com)

O UFC, por outro lado, sempre se mostrou contrário à liberação do atleta e que “ofereceria algo bom” para que Aldo continuasse lutando pelo Ultimate. Aldo aproveitou para criticar a agressividade de seu contrato, dizendo que “o UFC tem controle até sobre sua respiração” e que caso seja forçado a lutar, entrará no ringue e perderá de propósito: “existe um contrato? Sim, existe, meus advogados sabem disso, estão cientes de tudo. Mas eu já disse que não quero e não vou mais lutar. Vão me forçar a lutar? Muito bem, entro no ringue, dou três tapas no tablado e a luta acaba na hora”.

A insatisfação de Aldo com o UFC e o MMA, segundo o mesmo, vem de muito tempo. A promoção excessiva de Conor McGregor e as regalias que o Ultimate dá ao irlandês, aliadas ao tratamento dado aos demais atletas, fez com que o manauara perdesse o interesse em continuar no esporte. Aldo seguiu a linha de raciocínio de outros lutadores, que criticam a postura recente do Ultimate, alegando que “não existe mais esporte, apenas um show” e criticou o fato do UFC tentar “ser esporte e show business ao mesmo tempo”. O brasileiro reclamou inclusive do tratamento que demais lutadores recebem, contrastando com o tratamento dado ao irlandês.

“Você tem de decidir o que quer ser. Se quer ser um esporte ou um show. Não dá para ficar no meio termo. Entendo que lutadores estão lá por dinheiro, mas eu sempre tive em mente deixar um legado, deixar meu nome na história quando me aposentasse. Isso era o que eu queria, na verdade. Hoje, não penso mais dessa forma. No momento que perdi o cinturão, percebi que a realidade é que como campeão, eu não valia merda nenhuma. O que vale é dinheiro no bolso… É por isso que eu disse ‘foda-se o [Max] Holloway com suas 8 vitórias’. Quantos caras tem 10, 15 vitórias e não lutam pelo cinturão? Então quem é ele para falar algo?”

(José Aldo sobre a atual situação do UFC)

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“Muitos lutadores estão lá pelo dinheiro. Mas você precisa saber se quer ser um esporte ou um show” – José Aldo (Foto: Bleacher Report)

O manauara aproveitou para alfinetar o “código de ética” do Ultimate, alegando que estimulam lutadores a se comportarem mal e ainda os recompensam por fazer isso. Além disso, reforçou a “ganância absurda” tanto de atletas quanto de organizadores quando o assunto é dinheiro, e como chegam até a desvirtuar-se de seus caminhos para conseguí-lo. Falou também da punição sofrida por Conor McGregor após incidente pré-UFC 202 e, enquanto elogiou a postura da Comissão Atlética , diz que isto não significa nada comparado ao histórico do desafeto e que o UFC não fará nada para puní-lo de acordo:

“O negócio é ganhar dinheiro. O assunto não é vencer, ser um atleta correto e honesto. Isso é visto como errado. Certo mesmo é cuspir na cara de outro atleta, xingar, cheirar cocaína, fumar maconha, não aparecer nas coletivas de imprensa, atirar garrafa de água nos outros, ofender país, atleta, família… É isso que o UFC acha certo. É isso que eles querem que os lutadores façam. É isso que os lutadores brasileiros têm de fazer para chamarem atenção e serem valorizados.

[..]

A punição [a Conor McGregor]? Não vai dar em merda nenhuma. Serviço comunitário? Não é nada… Ele foi punido, achei coerente a postura da Comissão Atlética, mas o UFC deve puní-lo também. Mas não farão isso, porque ele traz dinheiro. Ele traz um país inteiro para o UFC…”

(José Aldo sobre negócios, dinheiro e a punição à Conor McGregor)

Mas apesar de seu atrito e insatisfação com o UFC, Aldo se mostra orgulhoso de sua carreira e história: “eu comecei como o ‘Scarface’ e sairei como o ‘Campeão do Povo’. Isso vale muito para mim, me sinto orgulhoso disso. Eu posso ter sido o campeão, mas em essência eu sempre fui o mesmo cara, a mesma pessoa. Isso ninguém tira de mim. E eu me coloco sim como um dos melhores da história. Quando falei isso antes, fui criticado, me chamaram de arrogante, mas hoje eu digo de novo: cara, eu sou o melhor sim”.

"Comecei como o 'Scarface', me retiro como o 'Campeão do Povo" - José Aldo (Foto: Lance)

“Comecei como o ‘Scarface’, me retiro como o ‘Campeão do Povo” – José Aldo (Foto: Lance)






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Paulistano, São Paulino, baterista, perito em TI, fanático por lutas e viciado em games. Colunista e redator Nocaute Na Rede.
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