O que esperar do confronto Tyron Woodley vs Demian Maia

Maia parece ser a última esperança brasileira
Demian Maia / Foto: Mike Roach/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)

Até que enfim! nosso Demian Maia teve sua chance ao título, mais que merecida apesar de quase aos 40 anos. Em um momento de crise moral que o país passa, onde o cidadão brasileiro está com vergonha de se olhar no espelho, eis que surge um brasileiro vivo em quem possamos orgulhosamente não só torcer, mas nos espelhar e nos apegar que ainda temos salvação. Maia que sempre teve dificuldades de ser aceito pelo UFC não só por evitar “trash talks” para vender lutas (segundo ele porque serve de exemplo para crianças) mas também porque seu estilo é de um refinamento técnico que o grande público não entende, vai ser a nossa esperança.

Maia é o principal grappler do UFC. Adaptou de forma magnífica não só o jiu-jitsu ao MMA, mas também suas derrubadas pouco ortodoxas mesclando constantemente wrestling,  judô e vários tipos de giros e pegadas usando a força do adversário para derrubá-lo. Hoje usando o boxe apenas para tentar se aproximar lançando mão de fintas e jabs para num aparente contra-golpe de encontro, agarrar o adversário como um imã. A partir  daí o oponente entra em desespero, sabendo das potencialidades do brasileiro, já se derrota psicologicamente, se desconcentra, e claro, com as investidas constantes de Maia, sempre abrem brecha para serem derrubados de uma forma ou de outra. Maia consegue inclusive derrubar os adversários em posição de sprawl defensivo efetivado.



Menos complexo de se analisar mas não menos eficaz, Woodley se baseia em rápida movimentação, explosão, potência de golpes capaz de nocautear o resistente Lawler de primeira. Além disso, não só conquistou a cinta mas também a defendeu duas vezes demonstrando bom cárdio para 5 rounds e competência de lidar com lutadores maiores que ele. Suas mãos são um terror, sua absorção de golpes muito boa, nunca foi submetido e seu wrestling aliado com sua força já o livrou de muitos perigos, tem um takedown defense excelente de 91%.

 

Foto: MMAFighting.com

 Provavelmente vai ser a luta mais difícil de Demian Maia, que apesar de estar sempre muito confiante, vai encarar um lutador com especificidades complicadoras para ele que já foi atingido pelo mediano Matt Brown, mas se recuperou e capitalizou a situação, o mesmo eu não diria que aconteceria se recebesse uma patada grosseira do Woodley. Nada difícil de acontecer, pois a intenção do brasileiro deve ser se aproximar sempre e o quanto antes de Woodley. O americano por sua vez acredito que haja de forma pragmática e cautelosa, fugindo e rodando o octágono, entrando e saindo com over hands, esperando Maia se cansar depois do round 3 e se por acaso Maia conseguir grudar, poder se defender bem no seu wrestling e explosão. Maia ao meu ver, tem sua melhor chance nos primeiros rounds onde pode tentar a todo custo tentar clinchar e não largar mais até tentar submeter Woodley pela primeira vez na sua carreira. Torcer para que o americano, que já teve alguns apagões no passado em perigo eminente, volte a tê-los.

Esse combate representa mais que a possibilidade de um lutador brasileiro campeão novamente, representa através de Maia a volta da essência do UFC, do MMA, que começou com Royce e foi depurado, aperfeiçoado e complementado com maestria técnica que só o Demian Maia tem. Em oposição ao lutador espetáculo dos tempos atuais personificado em Woodley, que grande parte do público leigo gosta de ver: troca de sopapos, sangue aos borbotões e no fim qualquer corpo inerte estirado no chão para delírio da plateia.

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