Análises, resultados e bônus – A leitura do UFC Fight Night 96: Lineker vs. Dodson

Kauê Macedo analisa os principais combates do UFC FN 96
Foto: Esther Lin/MMA Fighting.com

A cidade de Portland, em Oregon, recebeu a edição de número 96 do UFC Fight Night, que aconteceu na arena Moda Center, casa do Portland Trail Blazers, do NBA, e foi liderado pelo brasileiro John Lineker e pelo norte-americano John Dodson. O evento esteve na média de qualidade dos Fight Night’s, mas teve lutas boas e performances surpreendentes.

Cortando a introdução, vamos direto ao que interessa.



A luta principal da noite foi bem parelha e teve resultado controverso. John Lineker e John Dodson vieram para o peso galo como dois dos melhores moscas do planeta e provaram o porque disso na madrugada desse domingo.

No primeiro round, Lineker controlou o centro do octógono por boa parte do round, mas Dodson fez bom trabalho em manter a luta pelo menos na média distância, se livrando dos punhos mortais que o brasileiro possui. Dodson acertou bons chutes baixos e alguns no corpo, além de um chute alto que entrou limpo na cabeça de Lineker, que se manteve firme na luta. Marquei 10-9 Dodson.

Segundo round foi bem mais parelho. Na primeira metade do round, Dodson dominou a luta, controlando a distância e acertando mais golpes, enquanto Lineker desferia golpes muito pesados, mas com uma precisão e timing abaixo do suficiente para certar alguém tão rápido quanto Dodson. Na segunda metade do round, Dodson continuou fazendo o mesmo, mas Lineker foi mais eficiente e acertou mais golpes. Lineker também controlou o centro do octógono durante um bom tempo e foi mais agressivo, o que pode lhe favorecer na pontuação, mas a eficiência na trocação foi de Dodson. Marquei 10-9 Dodson.

No terceiro round, Lineker cresceu muito, acertando bons golpes durante todos os cinco minutos, todos os golpes muito potentes. Dodson foi menos eficiente em quase tudo e apesar de ter controlado a distância, o brasileiro foi superior em todos os outros aspectos. Marquei 10-9 Lineker.

No quarto round, Dodson começou melhor, acertando os melhores golpes e controlando a distância com facilidade. Após um tempo, Lineker cresceu e começou a acertar ótimos golpes, principalmente os no corpo, que o norte-americano pareceu sentir. Marquei 10-9 Lineker.

O quinto round foi o mais lento da luta. Lineker diminuiu drasticamente de rendimento e teve menos gás para soltar seus cruzados demoníacos. Dodson também caiu de rendimento, mas continuou acertando bons golpes e controlando a distância, além de ter conseguido uma queda e ter pego as costas do brasileiro, o que lhe garantiu a vantagem no round. Marquei 10-9 Dodson.

Somando as pontuações, marquei 48-47 para John Dodson. Dos três juízes, um marcou o mesmo que eu, que foi Marcos Rosales, os outros dois, Sal D’Amato e Glenn Trowbridge, marcaram a mesma pontuação, mas para John Lineker.

A luta foi dura e o resultado é completamente discutível. Na luta, conseguimos perceber que o arsenal ofensivo de Lineker é muito limitado, mas por algum motivo ele funciona muito bem, inclusive contra a elite de duas divisões. Contra lutadores como TJ Dillashaw e Dominick Cruz provavelmente seria diferente, mas Lineker conseguiu pressionar e encurralar Dodson contra a grade durante toda a luta, e isso conta para a pontuação final dos juízes (está na regra). Dodson controlou bem a distância, apesar de não ter conseguido fazer o mesmo em relação ao centro do cage. Pra mim, o que Dodson fez foi o suficiente para vencer a luta, mas concordar plenamente que a luta foi duríssima.

O co-main event da noite ficou por parte de Will Brooks, ex-campeão do Bellator e número 9 no ranking peso levo do UFC, e Alex Oliveira, que fazia sua sétima luta um pouco mais de um ano de UFC.

Primeiro round da luta foi bem parado e com um baixo volume de golpes. Foram praticamente cinco minutos de luta agarrada, com Oliveira controlando Brooks na grade durante um bom tempo, com socos, joelhadas e tentativas de queda (com 0% de aproveitamento). Brooks se defendeu muito bem, não foi quedado nem uma vez e colocou Cowboy para baixo duas vezes com visível facilidade. Apesar do tempo de controle de Oliveira, a eficiência da luta agarrada foi toda do norte-americano, que levou o round por 10-9.

No segundo round, Brooks conseguiu capitalizar duas ótimas quedas, na primeira delas, caindo na posição de cem quilos e passando a guarda direto pra montada. Ao contrário do primeiro round, Oliveira conseguiu boas quedas nesse round também, trabalhando mais o ground and pound e tendo um volume de golpes consideravelmente maior. Apesar de não ter tido as melhores posições, o brasileiro conseguiu um 10-9 por todos os outros aspectos.

No terceiro round, Brooks caiu muito de rendimento, provavelmente por uma lesão na costela (provocada pelo próprio adversário). Alex Oliveira aproveitou a brecha e foi pra cima, trabalhando bem o clinch, conseguindo boas quedas e destruindo o norte-americano no ground and pound.

Sabemos que Will Brooks é um dos melhores pesos leves do planeta, ele mostrou isso com autoridade quando bateu Michael Chandler e Ross Pearson, e claramente a lesão o prejudicou muito na luta. Não falo isso para tirar o mérito (merecido) de Oliveira, mas sim para não se esquecerem do que ele é capaz. Alex Oliveira, por sua vez, consegue a maior vitória da carreira e venceu um top 11 da divisão mais sinistra do UFC, a questão é, será que ele vai continuar como peso leve após falhar (por muito) em bater o peso da categoria? Já que ele venceu, acredito que, se for a vontade dele, terá mais uma chance, mas é bom lembrar, dali pra frente só estão os seres humanos mais perigosos até 70kg do mundo inteiro.

Os destaques do card principal também ficaram por parte de Brandon Moreno, que finalizou o top 9 do ranking Louis Smolka no primeiro round, e Zak Ottow, que dominou o veterano Josh Burkman, ambos estreantes no UFC.

 

Todos os resultados e bônus oficiais do evento:

John Lineker venceu John Dodson por decisão dividida (48-47, 47-48 e 48-47)

Alex Cowboy venceu Will Brooks por nocaute técnico aos 3m30s do R3

Zak Ottow venceu Josh Burkman por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)

Brandon Moreno venceu Louis Smolka por finalização aos 2m23s do R1

Luis Henrique Frankenstein venceu Joachim Christensen por finalização aos 4m43s do R2

Andre Fili venceu Hacran Dias por decisão unânime (triplo 29-28)

Shamil Abdurakhimov venceu Walt Harris por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)

Elizeu Capoeira venceu Keita Nakamura por decisão unânime (triplo 29-28)

Nate Marquardt venceu Tamdan McCrory por nocaute aos 4m44s do R2

Ion Cutelaba venceu Jonathan Wilson por decisão unânime (triplo 30-27)

Curtis Blaydes venceu Cody East por nocaute técnico aos 2m02s do R2

Ketlen Vieira venceu Kelly Faszholz por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)

Performance da noite: Nate Marquardt, Brandon Moreno, Henrique da Silva e Curtis Blaydes

 

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Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
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