Análise Técnica e Tática de Jon Jones vs. Thiago Marreta

Kaue Macedo analisa Jon Jones vs. Thiago Marreta
Foto: MMA Fighting

Foto: MMA Fighting

Há 8 anos tentam tirar o cinturão do melhor lutador que já existiu. Todos os tipos de adversários passaram por ele, nenhum foi capaz de pará-lo. Nocauteadores nato, como Maurício Shogun, Rampage Jackson e Vitor Belfort, tentaram e falharam. O maior karateca da história do MMA, Lyoto Machida, tentou e terminou inconsciente. Dois dos três meio-pesados de maior nível técnico da história, Daniel Cormier e Alexander Gustafsson, tentaram duas vezes cada e também falharam. Ninguém foi capaz de vencer Jon Jones até hoje. Thiago Marreta será o vigésimo sétimo a tentar.

Toda luta de Jon Jones merece toda a atenção do mundo, ele é simplesmente o melhor lutador da história e está prestes a escrever mais um passo de sua trajetória. Thiago Marreta se mostrou digno de disputar o cinturão da categoria ao nocautear com requintes de crueldade os ranqueados Jimi Manuwa e Jan Blachowicz, além do último desafiante da categoria, Anthony Smith.



Essa luta pode representar mais um passo da carreira de uma verdadeira lenda do esporte ou representar a noite mais chocante da história do esporte. Tudo depende de quem vencer. Nesse artigo, analisarei em detalhes os elementos técnicos e táticos de Jon Jones e Thiago Marreta em busca de uma conclusão precisa, que apenas o tempo dirá se está correta.

Jon Jones

Jon Jones é tecnicamente o melhor lutador da história. Atualmente, é o segundo lutador com mias vitórias em disputas de cinturão da história do UFC, empatado com Demetrious Johnson (12). Se vencer essa, empata com o primeiro colocado, o lendário Georges St-Pierre (13). Jones ostenta vitórias sobre diversos ex-campeões e detém um cartel praticamente perfeito. No papel, são 24 vitórias, 1 derrota e 1 no-contest. Todas as 24 vitórias são inquestionáveis. A única derrota foi por desclassificação após quase levar Matt Hamill a óbito com uma cotovelada ilegal. O único no-contest foi a maior vitória de sua carreira, o nocaute espetacular sobre Daniel Cormier, que teve resultado alterado devido a exames antidoping. Absolutamente nenhuma derrota.

Jon Jones tem uma envergadura enorme (2,15m), a maior de todo o UFC (empatada, segundo dados oficiais do UFC, com Stefan Struve, que é 20cm mais alto), e isso viabiliza o mais complexo e eficiente jogo de distância da história do MMA. Até hoje, apenas Alexander Gustafsson e Daniel Cormier foram capaz de desvendá-lo parcialmente, e ainda assim não foram capazes de vencê-lo em quatro lutas.

Na trocação, Jon Jones está sempre na longa distância, onde muitas vezes é capaz de atingir seus adversários muito antes que eles possam revidar (ou melhor, alcançar). As lutas contra Rashad Evans e Glover Teixeira (1,91m e 1,93m de envergadura, respectivamente) exemplificam bem isso.

Na longa distância, Jon Jones consegue ter um controle da luta de uma forma que raramente vemos no resto do MMA. Mesmo estando muito longe dos adversários, ele consegue golpear. Isso é possível não apenas à enorme envergadura, mas também (e principalmente) a uma técnica perfeita, um timing excelente e uma ótima velocidade, principalmente para um lutador do seu tamanho.

Essa manutenção de distância é essencial para que ele consiga aplicar golpes mais contundentes, porém os golpes menos contundentes, mas que ainda assim são significativos (sobretudo na pontuação da luta), são ainda mais importantes nesse complexo sistema.

Os golpes significativos e não contundentes servem para manter o lutador na distância que Jon Jones quer durante toda a luta. Isso, obviamente, pode tornar a luta bem monótona, como aconteceu contra Anthony Smith, mas não deixa de ser extremamente eficiente, tanto é que dominou completamente o número 2 da categoria sem nenhum problema.

O arsenal ofensivo de Jon Jones na trocação é muito vasto e todos os golpes estão ligados à sua manutenção de distância. Vou explicar os detalhes técnicos de alguns dos mais importantes.

Apesar de ser o golpe mais simples, na minha visão o jab é também o golpe mais importante dos esportes de combate. Jon Jones o aplica com frequência, mas seu jab, muitas vezes, se confunde com o simples esticar de braço com mão aberta de Jones, que é ainda mais frequente.

Em questão de tempo e distância, jab é o golpe mais longo e proporcionalmente veloz para se aplicar, portanto, torna-se naturalmente uma ferramenta fundamental para o jogo do campeão.

O direto também é uma arma frequentemente utilizada por Jon Jones, mas é ainda mais contundente e eficiente. Jones tem o costume de aplicá-lo tanto da longa quanto da média distância, sendo esse último ainda mais eficaz.

Uma tática bem inteligente de Jon Jones é a troca de base após aplicar o direto, podendo escapar de volta para a longa distância e confundindo o adversário, que possivelmente não viu o golpe, ou investindo em frente e encurtando a distância, partindo para uma tentativa de queda ou para o jogo de clinch.

Cruzados, overhands e uppercuts são os golpes de mão mais comuns após o jab e direto. Esses, necessariamente, são aplicados da média para a curta distância. São também os golpes em que Jones mais fica exposto defensivamente, mas até hoje ninguém foi capaz de tirá-lo da luta dessa forma.

A variação de chutes é excepcional, Jon Jones sempre tira algo eficiente da cartola. Os chutes podem ser, de maneira geral, divididos em três partes: chute lateral ou circular, chute rodado e chute frontal.

Variando entre corpo e cabeça, os chutes laterais ou circulares são os mais comuns de Jon Jones. São chutes aplicados com velocidade e muita potência, e suas variações de direção são essenciais para sua efetividade.

Jones aplica com mais frequência no corpo, mas isso cria uma tendência no adversário de abaixar a guarda assim que vê Jones preparando um chute (isso é um hábito que praticamente todo lutador tem, e acontece com um intuito quase inconsciente de proteger o corpo), o que abre uma brecha enorme para o chute ser aplicado na cabeça, como um roundhouse.

Isso aconteceu diversas vezes contra Alexander Gustafsson, mas o exemplo mais significativo foi contra Daniel Cormier. Jon Jones passou praticamente dois rounds chutando apenas o corpo de Cormier, com técnica e velocidade que já dificultavam muito a defesa, e quando Cormier começou a descer a guarda antes do chute ser completamente projetado, mudou a direção para a cabeça, conseguindo o mais importante nocaute de sua carreira.

Chutes rodados na cabeça e, principalmente, no corpo são os golpes mais contundentes de todo o arsenal ofensivo de Jon Jones. Como tem pernas muito longas, ele consegue aplicá-los com força total mesmo da longa distância, e é um golpe tão potente, veloz e imprevisível, que chega a ser difícil de bloquear. Um dos treinadores de Anthony Smith disse que um chute rodado de Jon Jones foi aplicado com tanta força no primeiro round, que Smith ficou relutante o resto da luta preocupado com os golpes do campeão.

Um dos golpes mais essenciais para viabilizar a manutenção de distância de Jon Jones são os chutes frontais no joelho (ou oblique kick). Se o lutador que receber esse golpe não estiver com seu joelho dobrado, a possibilidade dele ficar com uma lesão é significativa. Devido a isso, Jones utiliza com muita frequência, fazendo com o adversário tenha que ficar na postura correta para receber ou limitando muito a possibilidade de encurtar a distância. Isso faz desse golpe um dos mais importantes de todo o seu jogo.

Jon Jones ainda dispõe de uma variação de golpes criativos e imprevisíveis muito perigosos, sendo o mais popular a cotovelada rodada. Ele aplica de duas formas, quando está no clinch e consegue uma abertura com uma pequena distância, ou utiliza como contragolpe, abaixando sua postura para desviar do golpe e aplicando em seguida, aproveitando a posição de seu corpo.

Seu jogo de clinch é bem eficiente e muito perigoso, e já foi parte importantíssima de sua estratégia em lutas, como quando enfrentou o brasileiro Glover Teixeira. Sua envergadura faz muita diferença aqui também, porque seus golpes são aplicados com mais potência e ele tem uma ferramenta muito mais eficaz para controlar as posições.

Duas técnicas são muito características de seu jogo de clinch, as cotoveladas e o shoulder crank. As cotoveladas são de todos os tipos, de curtas e diretas até as rodadas. Além disso, outros golpes são comuns, como uppercuts no corpo e cabeça e cruzados no corpo, e podem abrir brechas para outros golpes.

O shoulder crank é uma arma muito peculiar e pouquíssimo utilizada no MMA. Jones utiliza bastante e se mostrou bem efetiva, especialmente contra Glover Teixeira. Esse golpe faz do clinch contra Jones um ambiente extremamente desagradável e imprevisível de estar, além de abrir uma possibilidade perigosa de uma lesão no ombro.

Seu wrestling ofensivo é fantástico e um dos mais efetivos do MMA. Novamente, é algo que sua envergadura ajuda bastante. As quedas de Jon Jones podem ser resumidas, sobretudo, em duas maneiras diferentes: aplicadas através da distância ou do clinch.

Com velocidade, ótimo timing e uma técnica de alto nível, Jon Jones consegue sair da longa distância, entrar no raio de ação do adversário já projetando a queda, entrar com os braços para um double-leg e finalizar a queda. Foi exatamente a queda que aplicou contra Alexander Gustafsson (na segunda luta) segundos antes de conseguir o nocaute. Considero essa como a queda mais importante de sua carreira.

No clinch, existem variações. Quando a luta está no meio do octógono, Jones utiliza trips rápidos, passando o pé por trás das pernas dos adversários e fazendo variações no equilíbrio do adversário através dos braços. Essas quedas tem uma variação enorme, mas todas seguem esse padrão.

Quando está no clinch e na grade, praticamente há apenas uma técnica utilizada por Jones. Ele controla os braços do adversário e vai abaixando sua postura, até encontrar uma brecha e se atirar para um double-leg. Como sua envergadura é gigantesca, é mais fácil conseguir fazer a pegada de mão com mão.

Na luta de chão, Jon Jones é dono de um dos jogos superiores mais brutais da história. O controle posicional é muito eficiente e seu tamanho, novamente, lhe dá uma boa vantagem. Ele tem facilidade em passar a guarda, mas nem sempre isso é necessário. Ele é tão grande que a meia-guarda já é uma posição perfeita para trabalhar o ground n’ pound com toda a sua potência.

O ground n’ pound de Jon Jones é um dos melhores de todos os tempos. Suas cotoveladas são fatais e aplicadas com timing e velocidade surpreendentes, mas seus socos conseguem ser ainda mais devastadores. Quando ficou por cima de Daniel Cormier e Alexander Gustafsson (ambos na segunda luta), aplicou socos assustadoramente contundentes e levou ambos à nocaute (a situação de Gustfasson foi ainda mais impressionante, porque Cormier já estava atordoado pelo chute).

O jiu-jitsu de Jon Jones é digno de faixa preta, apesar de, formalmente, ainda utilizar a faixa azul. A passagem de guarda e o controle posicional (que também é oriundo do wrestling) são de alto nível e extremamente eficazes, e sua visão e criatividade para encontrar finalizações é impressionante e até mesmo raro para o alto nível. Vitor Belfort, Lyoto Machida, Rampage Jackson e Ryan Bader ficaram pelo caminho através de finalizações.

Thiago Marreta

O brasileiro Thiago Marreta já teve altos e baixos na carreira, mas hoje está em sua melhor fase (em todos os sentidos). Marreta já passou pelo TUF Brasil, mas perdeu para William Patolino e Leonardo Santos (um peso leve) na mesma temporada. Já obteve boas sequências de vitórias (3 de 4), mas também carrega vitórias duras em seu cartel no UFC para Cezar Mutante, Gegard Mousasi, Eric Spicely e David Branch, todas no primeiro round, além de uma derrota para Uriah Hall por 30–27. Atualmente, o cenário é outro. Marreta ostenta três nocautes consecutivos sobre Eryk Anders, Jimi Manuwa e Jan Blachowicz.

Thiago Marreta luta da média distância, tentando ter espaço e tempo para conseguir encurtar a distância e entrar no raio de ação do adversário para atacar ou recuar e manter a distância, garantindo que não seja atingido. Como é um lutador de muitos golpes e precisa de espaço para entrar ou sair, Marreta prefere manter a luta onde sempre tem espaço disponível, no centro do octógono.

Sua movimentação não é muito fluída, ele fica praticamente parado a maior parte do tempo, fazendo uso do footwork apenas quando avança para atacar ou recua para se defender. É possível identificar pequenas movimentações laterais ou lineares, mas são poucas e feitas para não virar um alvo totalmente estático e para tentar criar aberturas no sistema defensivo dos adversários. Como prefere manter a luta no centro do octógono, parte da movimentação também tem essa finalidade.

Marreta é especialmente perigoso em dois cenários diferentes: quando avança agressivamente ou com contragolpes.

Mantendo a luta na média distância, Marreta consegue visualizar espaços mais claros para poder avançar. Isso aconteceu claramente na luta contra Jimi Manuwa, uma de suas lutas mais memoráveis. Marreta encontra uma oportunidade e avança, começando a golpear no mesmo momento que começa a encurtar a distância. Essa não é uma estratégia que me agrada, pois abre muita brecha para contragolpes e diminuiu a precisão do golpe inicial.

Após esse primeiro golpe, que nem sempre é conectado, Marreta continua e combina os golpes enquanto achar vantajoso. Os golpes são de todos os tipos, diretos, cruzados, overhand, uppercurts e o que mais estiver disponível e viável. É nesses momentos que seu poder de nocaute fica mais visível, pois cada golpe é visivelmente muito contundente.

Outro cenário em que seu poder de nocaute fica mais visível é nos contragolpes. Marreta demonstrou isso contra Manuwa, mas contra Blachowicz é o melhor exemplo de todos. Marreta deixa golpes poucos golpes sem respostas, o que diminuiu drasticamente a confiança do adversário em avançar com segurança. Contra o polonês, isso aconteceu por dois rounds completos. Quando encontrou a oportunidade através de uma tentativa de encurtar a distância realizada de maneira extremamente incorreta por Blachowicz, Marreta conectou um excelente contragolpe com um cruzado de direita, que deixou o adversário semi nocauteado.

Marreta é perigoso com socos, mas consegue ser ainda mais contundente com seus chutes, diversos nocautes de sua carreira vieram através deles. Ele utiliza uma variação interessante de chutes laterais, frontais e rodados.

Os chutes laterais são possivelmente os mais comuns e são muito contundentes. Marreta consegue aplicá-los com velocidade e muita contundência, tanto no corpo quanto na cabeça. Essa variação causa a já citada imprevisibilidade e provoca o hábito do adversário abaixar a guarda. Quando bem conectado, os chutes no corpo são extremamente perigosos e na cabeça são praticamente fatais.

Os chutes rodados não são tão técnicos nem tão velozes quanto os laterais, mas continuam perigosos. Marreta os aplica da média distância e tem um pouco mais de liberdade em não precisar encurtar muito a distância, mas tem uma leve desvantagem na velocidade do golpe, que faz o adversário ter mais chances de escapar antes do golpe chegar até ele.

Os chutes frontais também fazem parte de seu arsenal, mas não são tão comuns assim. Recentemente, Marreta começou a aplicá-los com mais frequência nas pernas, fazendo o oblique kick, uma das principais armas de Jon Jones. Variações no corpo e na cabeça também acontecem, mas com frequência ainda menor.

Na luta agarrada, Marreta apresenta um nível técnico desproporcionalmente bem inferior a sua trocação. Assim como quase todo lutador brasileiro, ele tem um jiu-jitsu de nível técnico mais que suficiente para o MMA, mas também como quase todo lutador brasileiro, seu wrestling defensivo é bem limitado.

Marreta tem uma defesa de quedas bem mediana, consegue barrar wrestlers medianos, mas não mais do que isso. Em sua luta contra Eryk Anders, foi quedado 6 vezes em 3 rounds. Também foi quedado por Kevin Holland, Anthony Smith, Gerald Meerschaert, Eric Spicely, Gegard Mousasi, Elias Theodorou e Uriah Hall. Um retrospecto nada agradável.

No clinch, tem seus pontos forte, como as cotoveladas, mas peca no controle posicional e também acaba engolindo muitos golpes. Quando enfrentou Jimi Manuwa, foi praticamente dominado no clinch e recebeu golpes muito pesados.

Análise tática

Nessa luta, existem algumas opções para Jon Jones e apenas uma para Thiago Marreta. Vamos analisar cada uma delas.

Um lutador que tem wrestling de nível superior ao seu adversário têm vantagens importantíssimas em uma luta, como o benefício da dúvida e, principalmente, ditar o nível em que a luta acontecerá.

Um exemplo recente e perfeito dessas duas vantagens que o benefício da dúvida e a mudança de nível geram para um lutador foi o knockdown e as quedas de Khabib Nurmagomedov sobre Conor McGregor.

O benefício da dúvida aconteceu porque McGregor estava com sua guarda baixa, para facilitar o processo de defesa de quedas, e quando viu o adversário avançando, praticamente ignorou a possibilidade do golpe, enquanto Nurmagomedov, com muita inteligência, fintou a queda e entrou com uma bomba de direita. Posteriormente, quando a trocação já não era mais favorável, mudou o nível da luta entrando em queda (inúmeras vezes) para trabalhar a luta no chão.

Jon Jones tem como possíveis estratégias 3 caminhos diferentes, que provavelmente se cruzarão entre si. Em todos esses 3 caminhos, ele tem vantagem sobre o adversário.

Na trocação, Jon Jones deve fazer a sua espetacular manutenção de distância, mantendo Marreta longe o bastante, mas não (ou pouco) fora do seu raio de ação. Essa manutenção de distância será feita junto de seu vasto arsenal ofensivo, mas principalmente os golpes longos e retos e chutes frontais na perna. Além disso, chutes rodados e laterais, tanto no corpo quanto na cabeça, estarão presentes.

Outro caminho interessante é o clinch, principalmente feito na grade. Isso será fundamental para desgastar os potentes braços de Marreta e trabalhar diversos golpes diferentes, principalmente joelhas no corpo e cotoveladas curtas, além, possivelmente, dos shoulder cranck.

O terceiro caminho (e possivelmente o mais óbvio) é colocar o wrestling em ação. Jon Jones tem uma vantagem enorme sobre Marreta nesse setor, é a mais disparidade de toda a luta. Com timing, velocidade e precisão na execução da técnica, é provável que Jon Jones consiga quedar em todos os rounds da luta e sem muita dificuldade.

O caminho para Marreta é apenas um, mas cheio de detalhes.

É importante para o brasileiro manter a luta em pé, e para isso não basta apenas ter treinado defesas de queda durante os últimos meses, é necessário muita movimentação lateral. Quanto mais parecido com Gustafsson na primeira luta, melhor. Essa é a melhor maneira de manter a luta em pé contra qualquer grappler, de Khabib Nurmagomedov à Demian Maia.

Sempre que Jon Jones avançar, é importante que Marreta esteja pronto para contragolpear e com contundência. É extremamente essencial que ele deixe Jones o menos confortável possível na luta. A parte técnica desse quesito se da por timing e precisão, mas ele não tem muito isso ao seu favor, então deve fazer como contra Blachowicz, combinações poderosas e implacáveis.

Por último, ofensivamente, tem que tentar manter a luta o máximo possível na média distância, longe do longo alcance que só favorece Jones e também longe do jogo de clinch. Se movimentando lateralmente com eficácia e fazendo boas entradas de golpes longos e retos, seguidos de combinações com golpes mais contundentes, como cruzados e uppercuts, Marreta terá possivelmente sua única chance de vencer a luta.

É importante Marreta estar preparado psicologicamente e não esperar que Jones entre no jogo de trocação franca como Manuwa fez, isso é algo impossível de acontecer.

Marreta tem uma defesa de quedas de 67%, um número extremamente preocupante quando se está enfrentando Jon Jones. A probabilidade de Jones quedar no momento que ele quiser é muito alta. Inclusive, existe uma probabilidade considerável do percentual de acerto de quedas de Jon Jones nessa luta ser de 100%.

Acredito que Jones conseguirá fazer a manutenção de distância e controlar Marreta de longe, com golpes longos e retos com as mãos e com uma variação enorme de chutes, visto as baixíssimas chances de Marreta quedar.

Posteriormente, o campeão fará o jogo de clinch com maestria, controlando e cansando Marreta na grade, e investindo para as quedas assim que desejar. Se assim fizer, é provável que Marreta não sobreviva muitos rounds sob o temido ground n’ pound de Jon Jones.

Thiago Marreta terá algum momento na luta e provavelmente conseguirá conectar algum golpe, mas isso não deve ser suficiente. Jon Jones é simplesmente o melhor.

Jon Jones não é apenas o melhor lutador que estará dentro do octógono durante a luta principal do próximo sábado. Também não é apenas o melhor lutador da categoria peso meio-pesado do UFC, tão pouco é apenas o melhor peso por peso da atualidade. Jon Jones é o melhor lutador de toda a história do MMA. Ninguém é ou foi tão bom quanto ele, ninguém jamais foi capaz de vencê-lo e dificilmente essa situação será diferente nessa categoria.

Minha aposta é que Jon Jones vença por nocaute no terceiro round.



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Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
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