Análises, resultados e bônus – A leitura do UFC 205: Alvarez vs. McGregor

Kauê Macedo analisa os principais combates do UFC 205
Foto: Esther Lin (MMAFighting.com)



O Madison Square Garden é conhecido por ter recebido algumas das maiores lutas de boxe de todos os tempos, e na estreia do MMA na arena, não foi diferente. Conor McGregor escreveu um grande capitulo na história das artes marciais e conseguiu realizar um dos maiores feitos da história dos esportes.

O UFC 205 quebrou vários recordes, como foi informado por Dana White na coletiva de imprensa, incluindo a maior venda de PPV da história da organização. Considerando todos os aspectos possíveis, foi o evento mais importante da história do Ultimate e Nova Iorque se sentiu honrada de sediar algo tão grandioso.



Deixando a introdução para trás, vamos ao que interessa.

 

Conor McGregor x Eddie Alvarez

Até sábado à noite, somente dois lutadores na história do UFC foram campeões em duas categorias de peso diferentes, que foram Randy Couture (campeão meio-pesado e pesado) e BJ Penn (campeão leve e meio-médio), mas nenhum conseguiu fazer isso simultaneamente. Na madrugada de domingo, um homem quebrou esse tabu, e foi Conor McGregor, que já era o campeão peso pena e DESTRUIU Eddie Alvarez para conquistar o cinturão peso leve. Que sujeito!

Como sempre, Conor parecia muito calmo e relaxado dentro do octógono, com movimentação muito fluida e uma concentração assustadora. Eddie Alvarez aplicou uma estratégia horrorosa e resolveu trocar com McGregor em pé, que é sinônimo de suicídio pra ele. Alvarez não teve o controle do centro do octógono e pressionou poucas vezes, avançando com golpes abertos e muito potentes, tudo o que o irlandês queria. Conor contragolpeou várias vezes com timing perfeito, aplicou combinações e golpes únicos com precisão e potência absurdas, até mesmo para o peso leve, e mandou Alvarez a knockdown três vezes apenas no primeiro round. Nas regras do boxe, Eddie teria sido considerado nocauteado na terceira queda.

O segundo round durou pouco mais de três minutos. Alvarez finalmente tentou colocar Conor para baixo, mas o irlandês defendeu tudo o que o norte-americano tinha a oferecer. Faltando dois minutos para o final do round, Conor brilhou de forma impressionante. A partir de um contragolpe, McGregor aniquilou Alvarez com uma combinação brutal, que o coroou como o primeiro campeão multidivisional simultâneo da história do UFC.

Conor McGregor pode não ser o melhor lutador peso por peso do mundo em nível técnico, pode não ser o mais completo das divisões em que luta, mas ele sempre acha um jeito de vencer, SEMPRE. Conor venceu todos os adversários que enfrentou no Ultimate, apenas um conseguiu vencê-lo, mas ele deu o troco numa revanche com resultado incontestável. McGregor é um animal diferente, tanto dentro quanto fora do octógono, e merece todo o respeito que um atleta pode ter.

 

Tyron Woodley x Stephen Thompson

Dois dos melhores meio-médios do mundo, que vinham de vitórias espetaculares sobre outros membros da elite da categoria, fizeram uma guerra de cinco rounds na luta co-principal do evento e levaram o prêmio de melhor luta da noite.

Algo que me surpreendeu muito na luta é que Tyron Woodley não tentou uma queda sequer, apenas caiu por cima quando segurou um chute e desequilibrou Thompson e quando aplicou um knockdown. Curiosamente, isso foi o necessário para ele manter o cinturão, mesmo que num empate.

Stephen Thompson é um gênio na trocação e, durante muito tempo, fez Woodley jogar da forma que ele queria. Em certos pontos da luta, o combate mais parecia um duelo de kickboxing entre um multicampeão mundial e lutador especialista em wrestling, o que dava vantagem lógica para Thompson.

Wonderboy fazia uma manutenção de distância perfeita, mantendo a luta da média pra longa, e lutava com a base num nível bem baixo, ficando quase na mesma altura do campeão. Dessa posição, ele lançou mais de uma centena de golpes e conseguiu vencer três (de cinco) rounds, todos por 10-9.

Woodley, por sua vez, conseguiu fazer um quarto round sensacional, com golpes e combinações assustadoras que resultaram em knockdowns e quase um nocaute, seguido de uma guilhotina muito boa que quase finalizou o desafiante. Não faço ideia de como Stephen não apagou com aquele estrangulamento, mas o 10-8 desse round salvou o cinturão de Woodley.

Eu marquei 47-47, assim como dois dos três juízes laterais. O resultado ficou como empate majoritário e uma revanche deve ser marcada nos próximos meses. Coitado do Demian Maia, esse era o pior resultado possível pra ele.

 

Joanna Jedrzejczyk x Karolina Kowalkiewicz

A primeira disputa de cinturão da noite foi outra grande luta, tanto pelos nomes presentes no octógono quanto pelo desenrolar do combate. Afinal, foi um duelo entra a melhor do planeta e a terceira melhor, não tinha como dar errado.

Apesar da luta ter sido muito dura, Joanna Jedrzejczyk foi melhor durante a maior parte do tempo, impondo sua grande dominância com combinações rápidas e precisas, que são uma das minhas coisas favoritas no MMA. Com isso, além de trabalhar muito a manutenção de distância e de ditar todo o ritmo da luta, Joanna venceu quase todos os rounds.

O único round em Karolina Kowalkiewicz foi superior foi no quarto, onde ela conseguiu pressionar mais e conseguir um belo direto de encontro, que mandou a campeã a knockdown. Foram os melhores cinco minutos de luta da Kowalkiewicz, mas só foi o suficiente para conseguir um 10-9.

Marquei 49-46 para Jedrzejczyk, assim como os outros três juízes, que deram a vitória para  a campeã por decisão unânime. A cada luta que se passa, Joanna se mostra mais dominante e prova o quão alto é seu nível técnico na trocação, mas, diferente do que foi/é com campeões como Georges St-Pierre, Jon Jones, José Aldo e Demetrious Johnson, a polonesa não tem uma áurea de invencibilidade ao redor dela, e a qualquer momento pode aparecer alguém com um antijogo decente e um condicionamento físico bom para tomar seu cinturão.

 

Também tenho que fazer um destaque muito merecido para Khabib Nurmagomedov, que, em minha opinião, é o melhor peso leve do mundo. O russo atropelou Michael Johnson de forma que ninguém jamais tinha feito e ainda conseguiu uma finalização no terceiro round. Que monstro!



Yoel Romero também foi outro monstro nessa noite. Apesar de não ter dominado toda a luta (ele perdeu o primeiro round para o ex-campeão), o cubano venceu bem o segundo round do combate e conseguiu um nocaute brutal no começo do terceiro, prevendo uma entrada ou finta de queda de Chris Weidman para entrar com uma joelhada voadora de encontro, que nocauteou o norte-americano na mesma hora. Mario Yamasaki ainda fez a besteira de deixar Chris receber vários golpes desnecessários, o que é a pior coisa que um juiz pode fazer. Com essa vitória, Romero é definitivamente o próximo desafiante, passando Jacaré com muita sobra.

Raquel Pennington e Jim Miller conseguiram ótimas vitórias ao dominarem seus adversários durante todos os round, Frankie Edgar e Jeremy Stephens fizeram uma luta sensacional, Tim Boetsch e Vicente Luque conseguiram nocautes brutais no primeiro round, e Liz Carmouche e Katlyn Chookagian fizeram uma grande luta para abrir o evento mais importante da história do MMA.

Nós temos muita sorte de ter o privilégio de ver esses monstros lutarem toda semana!

 

Resultados e bônus oficiais do evento:

Conor McGregor venceu Eddie Alvarez por nocaute técnico aos 3m04s do R2

Tyron Woodley x Stephen Thompson foi declarada empate majoritário (47-47, 47-47 e 48-47)

Joanna Jedrzejczyk venceu Karolina Kowalkiewicz por decisão unânime (49-46, 49-46 e 49-46)

Yoel Romero venceu Chris Weidman por nocaute técnico aos 24s do R3

Raquel Pennington venceu Miesha Tate por decisão unânime (29-28, 30-27 e 30-27)

Frankie Edgar venceu Jeremy Stephens por decisão unânime (30-27, 30-27 e 29-28)

Khabib Nurmagomedov venceu Michael Johnson por finalização aos 2m31s do R3

Tim Boetsch venceu Rafael Natal por nocaute técnico aos 3m22s do R1

Vicente Luque venceu Belal Muhammad por nocaute aos 1m19s do R1

Jim Miller venceu Thiago Pitbull por decisão unânime (30-27, 29-28 e 30-27)

Liz Carmouche venceu Katlyn Chookagian por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)

Performance da noite: Conor McGregor e Yoel Romero

Luta da noite: Tyron Woodley x Stephen Thompson

 

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Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
Um Comentário
  • Jeovah Santos Critico de MMA
    13 novembro 2016 at 21:43
    Responder

    Parabens, mas o ufc irá fazer a luta Yoel Romero vs Ronaldo Jacaré 2, para que nenhum destes lutem pelo título, já que ganhariam facil de Bisping. Essa luta irá afastar um dos dois ou Jacaré ou Romero. Bisping pegará um lutador fraco pois os paper Viev etc. na Inglaterra com Bisping campeão é muito bom. Outro que seria campeão fácil seria Demian Maia, porisso o UFC não o deixará disputar o título tambÉm.Escrevam o que digo sobre essa palhaçada.O UFC só irá respeitar os Brasileiso quandos esses campeões de araque se forem.

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