Análises, Resultados e Bônus – A Leitura do UFC Fight Night 93: Arlovski vs. Barnett

Kauê Macedo analisa e destaca os principais combates do UFC FN 93
Foto: Reprodução

Após mais de um ano, a maior organização de MMA do planeta voltou à Alemanha para promover mais um grande evento. A Barclaycard Arena, em Hamburgo, foi o palco dos combates, que contou com vários europeus, de pesos leves até pesos pesados.

 



A luta principal da noite foi entre dois antigos campeões pesos pesados do UFC, Andrei Arlovski e Josh Barnett. Arlovski, o mais bem ranqueado, vinha de duas derrotas, para Stipe Miocic, o atual campeão, e Alistair Overeem, o próximo desafiante ao cinturão. Josh Barnett vinha alterando entre vitórias e derrotas desde que voltou ao UFC, após ser vice-campeão do GP do Strikeforce; ele venceu o ex-campeão Frank Mir e o vencedor do TUF 10, Roy Nelson, enquanto foi derrotado por Travis Browne e Ben Rothwell.

Nos segundos iniciais do combate, Arlovski mostrou porque é chamado de o pitbull e acertou bons golpes no adversário, mandando-o á knockdown. Barnett respondeu na mesma moeda e mandou Arlovski a knockdown também. No primeiro round, Arlovski mostrou superioridade na luta pontuação da luta agarrada, conseguindo um trabalho de clinch na grade decente (que depois foi revertido) e uma boa queda, trabalhando por poucos segundos por cima.

No segundo e terceiro round, foi a vez de Barnett honrar seu apelido. O norte-americano trocou de igual para igual com Arlovski e foi levando o bielorrusso para águas profundas, com jogo de clinch sufocante e quedas bem sucedidas, que resultaram num controle posicional e transições no solo excepcionais, o que lhe asseguraram resultado positivo em ambos os rounds. Chegando perto do final do terceiro, a pontuação já deixou de ser tão importante quando Barnett conseguiu sair de costas para a grade para a meia guarda por cima do adversário com um bela kimura, que não serviu para finalizar, mas lhe garantiu uma ótima posição. Ao tentar sair de baixo, Andrei acabou dando as costas e Barnett foi rápido para encaixar um mata-leão e fazer o adversário se render em pouquíssimos segundos.

Não é á toa que Josh Barnett é chamado de mestre de guerra. Se desconsiderar os cinco melhores pesos pesados do planeta (Velasquez, Miocic, Overeem, Cigano e Werdum), Josh Barnett é um verdadeiro pesadelo para qualquer lutador do planeta. Sua habilidade rara (na divisão) de se sair melhor em lutas longas vale ouro para ele, já que a grande maioria do restante da categoria tende a cair muito de rendimento. Seu estilo de pressionar em pé, sufocar no clinch e amassar no chão é um pesadelo, ainda mais quando somado a inteligência e obediência tática de um verdadeiro mestre de guerra (pelo menos de guerras dentro do octógono).

 

A co-luta principal ficou entre dois europeus, o sueco Alexander Gustafsson e o polonês Jan Blachowicz. Gustafsson já foi duas vezes desafiante ao cinturão do UFC e levou ambos os campeões que enfrentou, Jon Jones e Daniel Cormier, para dar uma volta no inferno e sentar no colo do capeta; apesar de ter perdido ambas as lutas, Gustafsson foi um pesadelo para eles, assim como foi para os que ele venceu, como Jimi Manuwa, Mauricio Shogun e companhia. Blachowicz não tem nem dois de UFC, portanto não pode mostrar muito serviço até agora; ele veio ao Ultimate como campeão do KSW e conseguiu boas vitórias em cima de Ilir Latifi e Igor Pokrajac, mas foi vencido por ambos os ranqueados que enfrentou, Jimi Manuwa e Corey Anderson.

Blachowicz surpreendeu a todos e deu grande trabalho em pé a Alexander Gustafsson, possivelmente o melhor striker da divisão. O polonês respondia bem os golpes na curta de distância, esperando o sueco avançar, entrando com um contragolpe e emendando numa combinação de socos variados, principalmente cruzados e diretos. Gustafsson se obrigou a se movimentar mais e fazer um trabalho de manutenção de distância melhor, mas mesmo assim encontrou problemas.

A solução foi virar grappler e colocar Blachowicz de costas para o chão. Com bom clinch, seja ou não na grade, e boas quedas com doubles e singles, Gustafsson conseguiu se livrar da perigosa trocação que estava se metendo e controlou a luta por ali mesmo. As únicas coisas que Blachowicz pode fazer foi tentar chaves de braço, que foram bem defendidas por Alexander, e fechar bem a guarda, coisa que nem era tão necessária, visto que Gustafsson não tinha muitas intenções de passar. Durante boa parte do segundo e do terceiro round, foi assim que a luta se desenrolou e o sueco conseguiu uma vantagem com margem larga para  vencer na pontuação dos juízes.

A questão que fica é, na trocação, Blachowicz surpreendeu ou Gustafsson decepcionou? A segunda opção parece mais crível. Alexander Gustafsson foi o primeiro homem a levou Jon Jones para verdadeiras águas profundas, num estado que o resultado foi decidido nos mínimos detalhes; não só isso, ele travou uma guerra sangrenta com Daniel Cormier, que se mantem o campeão até hoje. Essas performances ocorreram de tal forma devido uma serie de fatores táticos e técnicos, incluindo manutenção de distância, trabalho de pernas e golpes precisos. Já ficou claro que o sistema defensivo de Gustafsson na trocação é bem inferior ao seu assustador arsenal ofensivo, mas ter que virar wrestler contra alguém do nível de Blachowicz é preocupante.

 

Outra luta de destaque foi o combate entre Ryan Bader e Ilir Latifi, na divisão dos meio-pesados. Bader, 4º colocado no ranking da categoria, vinha de uma derrota assustadora para Anthony Johnson, possivelmente a reencarnação de Cérbero ou coisa do tipo, mas tinha conseguido uma sequência expressiva de cinco vitórias consecutivas, que incluíam nomes como OSP, Davis e Evans. Latifi também entrou como ranqueado e vinha de três vitórias consecutivas, incluindo dois nocautes relâmpagos sobre O’Connell e Villante.

Assim como foi o caso de Gustafsson, o melhor Ryan Bader não entrou no octógono, o que também resultou numa performance preocupante. Bader não conseguiu quedar no primeiro round e entrou numa trocação perigosíssima contra Latifi, que acabou levando a melhor em muitas vezes, principalmente no final do primeiro round, quando entrou com uma combinação de três cruzados, os dois primeiros bloqueados por Bader e o último atingindo a parte da frente do rosto do norte-americano, que foi a knockdown e quase viu tudo ir por água abaixo.

O segundo round não foi muito diferente, Bader encarava uma trocação dura e, pra piorar, entrava em queda com timing horrível, mas no final das contas, acabou saindo com o nocaute mais brutal de sua carreira. Aparentemente, Bader entrou com um joelhada para acertar o corpo do sueco, mas o mesmo se abaixou bem na hora e o joelho do norte-americano explodiu em seu rosto. O resultado do golpe foi o nocaute mais sinistro da noite.

Ryan Bader tem uma trocação boa, mas foi muito mal nessa luta. Ele também tem boas quedas, com ótimo timing, mas isso também não deu as caras no combate. Performance muito abaixo do esperado para o norte-americano.

 

Todos os resultados oficiais do evento:

CARD PRINCIPAL

Peso-pesado: Josh Barnett derrotou Andrei Arlovski por finalização no R3

Peso-meio-pesado: Alexander Gustafsson derrotou Jan Blachowicz por decisão unânime dos juízes (30×27, 30×27, 30×27)

Peso-meio-pesado: Ryan Bader derrotou Ilir Latifi por nocaute no R2

Peso-leve: Nick Hein derrotou Tae Hyun Bang por decisão unânime dos juízes ((29×28, 30×28, 30×27)

CARD PRELIMINAR

Peso-meio-médio: Jessin Ayari derrotou Jim Wallhead por decisão dividida dos juízes (29×28, 28×29, 30×27)

Peso-meio-médio: Peter Sobotta derrotou Nicolas Dalby por decisão unânime dos juízes (30×26, 30×26, 30×26)

Peso-galo: Ashlee Evans-Smith derrotou Veronica Macedo por nocaute técnico no R3

Peso-galo: Taylor Lapilus venceu Leandro Issa por decisão unânime dos juízes (30×27, 30×27, 29×28)

Peso-pesado: Jarjis Danho e Christian Colombo empataram por decisão majoritária (29×27, 28×28, 28×28)

Peso-médio: Jack Hermansson derrotou Scott Askham por decisão unânime dos juízes (30×27, 30×27, 29×28)

Peso-leve: Rustam Khabilov derrotou Leandro Buscapé por decisão unânime dos juízes (30×27, 29×28, 29×28)

 

Bônus oficiais:

Luta da noite: Josh Barnett x Andrei Arlovski

Performances da noite: Josh Barnett e Ryan Bader



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LutasMMA InternacionalUFC

Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
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