Valentina Shevchenko finalmente se firmou como a próxima desafiante ao cinturão peso galo do UFC ao finalizar Julianna Peña no final do segundo round da luta principal do UFC on FOX 23. Ao contrário da peruana, Donald Cerrone falhou em sua caminhada rumo ao cinturão no co-main event da noite ao ser nocauteado duas vezes por Jorge Masvidal, que se firma de vez como um dos melhores meio-médios do planeta. Falando em contender, Francis Ngannou deu um grande passo rumo ao topo da divisão dos pesos pesados ao nocautear o ex-campeão Andrei Arlovski na primeira metade do primeiro round.
Boas lutas num card bem divertido, como é de lei nos eventos on FOX.
Valentina Shevchenko vs. Julianna Peña
A luta principal foi bem interessante, com uma batalha técnica e tática que durou quase dez minutos.
O primeiro detalhe interessante foi como a luta se desenrolou no clinch, já que tínhamos uma condecorada campeã de muay thai contra uma wrestler patologicamente agressiva. Julianna, a wrestler, tinha o controle do cage e colocou Shevchenko com as costas contra a grade, enquanto desferia um volume altíssimo de joelhadas no corpo.
Valentina mostrou um timing absurdo ao aplicar duas quedas a partir do clinch no primeiro round, e Julianna não teve resposta defensiva alguma em ambos os ataques.
1) Julianna Peña controlava a luta no clinch, com Valentina Shevchenko com as costas na grade.
2) Julianna entra com a joelhada de direita (A), que conecta perfeitamente no corpo de Shevchenko.
3) Ao final da joelhada (A), Valentina começa o movimento de ataque com a perna direita (B).
4) Valentina, numa velocidade absurda, utiliza sua perna direita (A) para tirar o apoio da perna esquerda de Julianna, que ainda tinha sua perna direita levantada (B).
5) E então, Valentina consegue uma queda perfeita.
Isso até que não é tão surpreendente, já que já vimos esse tipo de queda oriunda do background da peruana, tanto aplicado no muay thai quanto no MMA.
Valentina terminou o round por cima, trabalhando o ground and pound, mantenho o controle posicional e se defendendo de uma tentativa de chave de braço de Julianna Peña. Round muito duro, da margem para interpretações diferentes, eu marquei 10-9 Shevchenko. Segundo o jornalista Shaheen Al-Shatti, Senior Editor do MMA Fighting, dois juízes laterais marcaram 10-9 Peña.
A luta se desenvolveu muito pouco na trocação, especialidade de Shevchenko, mas os primeiro quinze segundos do segundo round deram uma breve prévia do que poderia acontecer mais para frente. Shevchenko conectou um belo chute no corpo, que é um dos melhores golpes de seu arsenal ofensivo, em Julianna, que tentou responder logo em seguida com um chute alto em direção a cabeça, mas foi completamente neutralizada pela perfeita manutenção de distância de Valentina.
Vendo a merda que ia dar trocar com uma campeã de muay thai, Julianna logo partiu para o clinch na grade, onde começou colocando uma pressão absurda e depois diminuiu o ritmo, voltando ao mesmo estado do clinch no primeiro round.
Foi interessante ver que Peña não ligou muito para os erros que cometeu no clinch durante o primeiro round e continuou aplicando joelhadas no corpo uma atrás da outra, mas dessa vez Valentina não tentou aplicar nenhuma queda.
Julianna conseguiu tirar Shevchenko de sua base e chegou a coloca-lá para baixo, mas não conseguiu manter a posição. A única queda legitima de Julianna na luta aconteceu na segunda metade do segundo round. Mal sabia ela que aquilo seria o começo do fim.
A venezuelana conseguiu manter o controle posicional e foi trabalhando o ground and pound no até então round mais claro da luta, enquanto Shevchenko trabalhava muito bem a guarda para se manter numa posição minimamente segura.
Foi faltando cerca de quarenta segundos que Valentina resolveu a luta.
1) Valentina mantinha a guarda fechada (A) e prendia o braço direito de Julianna Peña preso (B).
2) Shevchenko mantém o braço preso (A), segura e empurra a cabeça de Julianna (B), abre a guarda e começa o movimento para passar a perna esquerda sob a cabeça da adversária (C).
3) Ela mantém as mãos segurando o braço de Jualianna (A), que ainda está dobrado, e prende o braço colocando as pernas sobre a cabeça da venezuelana (B).
4) Julianna não consegue defender a primeira parte do ataque e Shevchenko consegue estender seu braço (B).
5) Sem resposta efetiva, Julianna bate perante uma das mais belas chaves de braço de 2017.
Grande vitória de Valentina Shevchenko, que mostrou, assim como disse na entrevista pós luta, que é uma lutadora completa e tem muitas armas em seu arsenal ofensivo, até mesmo nas áreas em que (ainda) não é especialista.
Mal posso esperar para a revanche contra Amanda Nunes, que foi extraoficialmente anunciado também na entrevista pós luta. Torçamos para que aconteça aqui no Brasil, principalmente perto da minha casa.
Jorge Masvidal vs. Donald Cerrone
Único underdog a vencer no card principal, Jorge Masvidal conseguiu a maior vitória de sua carreira no co-main event do último UFC ao nocautear (duas vezes) o cowboy Donald Cerrone.
Apesar de conseguir praticamente dois nocautes na mesma luta, Jorge Masvidal não teve vida fácil contra Donald Cerrone, como já era esperado. Durante o primeiro round, Cerrone trabalhou bem na parte da trocação, trabalhando principalmente golpes longos e retos e low kicks.
Durante toda a luta, as combinações exclusivamente aplicadas com os punhos de Jorge Masvidal foram a principal arma de seu arsenal ofensivo, foi com elas que ele conseguiu dar bastante trabalho para o Cowboy durante todo o primeiro round e foi com elas que o mandou a knockdown duas vezes.
O primeiro knockdown veio no final do primeiro round, no qual a luta podia, sem sombras de dúvidas, ser parada. Herb Dean, no meu ponto de vista, decidiu parar o combate e decretar a vitória do cubano por nocaute, mas ao ouvir o sinal de fim do round e ver Cerrone acordando, decidiu dar o famoso migué e falar que só sinalizou o final do round. A sinalização com a mão que me convenceu de que ele quis parar a luta.
Masvidal manteve o ritmo e a estratégia do primeiro round, mas dessa vez Donald Cerrone não ofereceu resistência e logo engoliu outro golpe preciso, que o mandou novamente a knockdown, mas dessa vez sem gongo para salvá-lo.
Grande vitória de Jorge Masvidal, que consegue entrar de vez no bolo da elite dos meio-médios do UFC. Se fosse em outra categoria de peso até que seria viável considerá-lo um potencial futuro desafiante ao cinturão, mas se tratando dos meio-médios, ele é só mais um na fila.
Francis Ngannou vs. Andrei Arlovski
Meu Deus, esse homem é aterrorizador!
Andrei Arlovski, ex-campeão peso pesado do UFC, ranqueado entre o oito melhores do planeta e um dos strikers mais técnicos da divisão, foi tirado para nada pelo negão mais sinistro da categoria.
Francis Ngannou mostrou inteligência ao resistir à vontade de colocar pressão e buscar o nocaute por conta própria, enquanto Andrei Arlovski não mostrou muita obediência tática (ele tinha Greg Jackson e Mike Winkeljohn em seu corner, é muito provável que tinha um guia perfeito pra vencer a luta na cabeça) ao caçar o camaronês e não fazer a manutenção de distância.
Foi questão de tempo até que Ngannou conectasse seus golpes pesadíssimos contra o queixo fraquíssimo de Arlovski.
1) Luta se desenrolando da média pra longa distância (A).
2) Arlovski avança (A), encurta a distância (B) e entra com um cruzado de direita (C), enquanto Ngannou prepara um contragolpe (D).
3) Arlovski não arrumou nada com o golpe e recebeu um cruzadão de esquerda como resposta (A).
4) Ngannou complementa o cruzado com um uppercut mortal de direita (A)…
5) que praticamente fez Arlovski levantar voo.
6) O ex-campeão foi a knockdown e Ngannou terminou o serviço com o ground and pound pra lá de violento.
E o primeiro grande teste de Francis Ngannou resultou no nocaute mais rápido da carreira do camaronês/francês, que deve entrar de vez no top 10 da categoria e ficar bem mais próximo da elite da divisão.
Por hoje é só, fiquem com os resultados e bônus oficiais do UFC on FOX 23:
Jorge Masvidal venceu Donald Cerrone por nocaute técnico a 1m do R2
Francis Ngannou venceu Andrei Arlovski por nocaute técnico a 1m32s do R1
Jason Knight venceu Alex Caceres por finalização aos 4m21s do R2
Sam Alvey venceu Nate Marquardt por decisão unânime (29-28, 28-29 e 29-28)
Raphael Assunção venceu Aljamain Sterling por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)
Li Jingliang venceu Bobby Nash por nocaute técnico aos 4m45s do R2
Jordan Johnson venceu Henrique Frankenstein por decisão unânime (30-27, 30-27 e 30-27)
Eric Spicely venceu Alessio Di Chirico por finalização aos 2m14s do R1
Marcos Pezão venceu Jeremy Kimball por nocaute técnico aos 2m27s do R1
Alexandre Pantoja venceu Eric Shelton por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)
Jason Gonzalez venceu J.C. Cottrell por finalização aos 3m54s do R1
Performances da noite: Valentina Shevchenko, Jorge Masvidal, Francis Ngannou e Jason Knight.
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