Entrevista com o pugilista brasileiro Raphael Zumbano Love.

  Ontem tivemos a grata satisfação de realizar uma entrevista com um grande profissional do boxe e uma excelente pessoa: estou falando do pugilista brasileiro Raphael Zumbano Love! Campeão...

 

Raphael Zumbano exibe alguns cinturões. (boxrec.com)

Raphael Zumbano exibe alguns cinturões. (boxrec.com)

Ontem tivemos a grata satisfação de realizar uma entrevista com um grande profissional do boxe e uma excelente pessoa: estou falando do pugilista brasileiro Raphael Zumbano Love! Campeão Brasileiro e Latino Americano da categoria dos Pesos Pesados, este paulista de 34 anos sonha com o título mundial. Para tanto, Raphael se mudou para os Estados Unidos da América tendo participado, inclusive, da preparação do campeão peso-pesado pelo Conselho Mundial de Boxe Deontay Wilder. Se depender do talento, do árduo treinamento e da vontade e determinação incansáveis teremos, em breve, um brasileiro a conquistar o cinturão da categoria. Raphael é neto do lendário pugilista Ralph Zumbano e primo do renomado boxeador Eder Jofre, portanto tem o boxe correndo por suas veias desde muito cedo. Raphael é o 28º lutador da família, o que eterniza a frase; “Sempre haverá um Zumbano sobre o ringue”. Conversamos com o lutador quando ele se preparava para embarcar para Omaha, Nebraska, USA, onde neste sábado, dia 24 de outubro, encara o até então invicto lutador Andy Ruiz Jr. Raphael tem bastante experiência na Nobre Arte, registrando um cartel de 49 lutas, tendo 37 vitórias, sendo 30 delas alcançadas através de nocaute! Logo abaixo vocês conferem a entrevista:



 

NR: Grande Raphael! Valho-me da oportunidade para agradecer, desde já, a atenção e por nos disponibilizar esta entrevista, ainda mais nesse momento tão importante que precede a sua luta contra o mexicano Andy Ruiz Jr, peleja a ser realizada no dia 24 de outubro do corrente.

É um prazer para mim e eu quem agradeço pelo interesse de vocês em meu trabalho, isso é muito gratificante e só me mostra, ainda mais, que eu estou no caminho certo.

NR: Por falar no seu próximo compromisso, seu oponente nas 25 lutas que realizou não apresentou nenhuma derrota. Qual sua estratégia para surpreender o seu adversário? Tem acompanhado as lutas dele?

O Andy é um cara muito duro e experiente, eu também nunca tinha perdido até perder a primeira vez, quem luta está sujeito à vitória e a derrota. Eu me preparei muito bem para esta luta e minha estratégia é fazer o que fiz nos treinamentos, não sou muito de ver lutas dos meus oponentes não, apesar de já ter visto lutas dele sim, em outras ocasiões, e sei o estilo dele, bem mexicano, luta dentro o tempo todo.

NR: Você recentemente participou da preparação do campeão mundial Deontay Wilder. Todos sabem que Deontay sempre fez questão da sua presença nesse processo. Fale-nos mais acerca deste “camp”.

Foi mais uma grande satisfação que eu tive no boxe, ser lembrado por outro campeão mundial para fazer parte da equipe de treinamento! Ele é um cara extremamente simpático, educado, atencioso, como diria meu avô Ralph Zumbano quando via alguém com estas características, “é um verdadeiro campeão”! Foi um “camp” muito bom, curto, porém intenso e graças a Deus e aos treinamentos, ele ganhou a luta e segue como campeão mundial. Eu sigo em busca da minha oportunidade e, tenho certeza, ela vai chegar!

NR: Todos os entusiastas do Boxe, desde os fãs até os atletas, sonham com a possibilidade de um dia treinar ou lutar nos EUA. Graças ao seu esforço e talento, você conseguiu essa oportunidade. O que você pode nos contar sobre a vida nos EUA? Encontrou muitas dificuldades? Que dica você dá para quem pretende um dia trilhar esse caminho?

As únicas coisas que posso dizer são: vale muito a pena e nunca desistam dos seus sonhos, se um pode todos podem! A maior dificuldade que eu tive e tenho é de me manter longe dos meus filhos, mas eles sabem, e eu sei, que esta distância é por um bom motivo e por um futuro melhor para nós. Viver nos EUA, é algo muito bom, sou suspeito em falar. Aqui também tem diversos problemas, mas, no geral, as coisas funcionam. Na minha profissão não existe melhor lugar. Quem sabe um dia, nosso querido Brasil acorde e seja tão grande quanto seu tamanho, eu iria amar poder fazer o que gosto de fazer, que é lutar BOXE, sem precisar sair do meu país para buscar uma oportunidade.

NR: Tecnicamente e em relação à estrutura, qual a principal diferença entre o boxe brasileiro e o americano?

Todas! No Brasil os dirigentes e promotores, no geral, pensam no seu bolso, eles preferem ganhar 100 hoje a ganhar 1.000 amanhã ou depois. Aqui eles também pensam no próprio bolso, mas pensam no atleta, pensam como podem ganhar diversas vezes e não uma ou duas vezes. Aqui nos EUA a coisa é estruturada e organizada. Se você perguntar para algum lutador aí no Brasil quando ele vai lutar, ele não sabe, não tem como se preparar corretamente, não há previsão de luta. Pior ainda para os que tiram peso, que acabam realizando esse processo na última hora, no sacrifício total! Aqui os caras tem todo um planejamento e uma programação, salvo alguma intercorrência. No mais, é tudo programado da melhor maneira possível, visando os interesses do atleta. Se é bom pra ele, é bom pra todo mundo, é certeza de resultado do ponto de vista financeiro também.

NR: De todos os grandes boxeadores que você teve o privilégio de treinar, qual foi o que mais lhe surpreendeu dentro dos aspectos técnicos?

Dos que eu treinei sem duvidas o melhor tecnicamente foi o cubano Odlanier Solís, mas todos são muito nivelados, graças a Deus treinei com os melhores de minha categoria, só com campeões ou desafiantes aos campeões! Neste nível, todos são muito equivalentes, o que diferencia são detalhes. O Solís foi o melhor tecnicamente, mas não foi campeão mundial, o sucesso do amadorismo não foi o mesmo no profissional, mas no geral mesmo, o melhor foi e é o Bermanie Stiverne e estamos trabalhando duro diariamente para ele voltar ao topo e, com certeza, ele vai!

NR: Qual escola de boxe você considera a melhor no mundo? Já teve a oportunidade de treinar com lutadores de fora do circuito latino e norte americano?

Esta é uma pergunta muito complicada, cada escola é bem diferente da outra… tecnicamente a escola cubana é sensacional! Mas, a meu ver, para o boxe profissional, a escola americana é a melhor, isso nos pesos mais pesados. Nos mais leves, sou fã da escola mexicana e no geral da escola do leste europeu, uma mistura de brutalidade com técnica… aí junta um pouquinho de cada uma e você cria um super lutador! (risos).

NR: O Brasil sempre teve grandes lutadores e grandes técnicos na Nobre Arte. O que você acha que falta para o Brasil se firmar efetivamente como uma grande potência no Boxe olímpico?

Antes de tudo, acabar com a pilantragem dentro do boxe e depois disso, aí sim, o apoio. Entretanto não adianta nada ter apoio com os “pilantras” por perto.

NR: Quais são as suas expectativas em relação ao desempenho do boxe brasileiro para as Olimpíadas de 2016?

Torço muito por eles! Primeiro porque já passei pelo que estão passando, depois porque tenho diversos amigos na seleção, alguns da minha época ainda. Eu espero um grande resultado, mesmo com os três principais atletas do último ciclo olímpico terem migrado para o boxe profissional. Temos excelentes atletas e novos talentos aí, o que diferencia os brasileiros é a força de vontade e a gana de vencer, por isso acredito neles e nelas que nos representarão no Rio de Janeiro em 2016.

NR: Em relação ao Boxe profissional tupiniquim, quais são os seus atletas preferidos na atualidade? Qual deles você acha que tem a chance de futuramente trazer um cinturão para o Brasil?

Se me perguntasse isso um pouco antes, eu diria para pular esta pergunta! (risos). Hoje temos atletas com contratos com grandes e importantes promotoras, temos aí os irmãos Falcão, o Everton Lopes, o Patrick e o Willian Silva. O Willian, para mim, é o melhor e eu digo isso a ele há muito tempo! Acredito que ele possa chegar ao título mundial! No Brasil, gosto muito do Vitor, sobrinho do Popó e do Michel Silva, irmão do Willian, além de mim claro! (risos). Acho que todos estes tem totais condições de trazer um título para o Brasil, mas se tiver que apostar meu dinheiro, aposto em mim, lógico (risos) e no Willian, mas acredito em todos estes que citei.

NR: Você vem de uma família tradicional no Boxe. Tem alguma história relacionada ao esporte que te marcou nessa convivência?

A cada dia tive uma história. Cresci com meu avô Ralph Zumbano e o acompanhava na academia, nas lutas e no dia a dia, fora às vezes em que reuniam os tios e primos. Mas sem dúvida as histórias do meu avô e do meu primo Eder Jofre são as que mais me marcaram, mas não consigo citar uma em específico.

NR: Qual foi o oponente mais duro que você enfrentou?

Antony Joshua foi o cara mais completo que eu enfrentei e me senti uma criança no ringue com ele, não sabia o que fazer. Quando aceitei a luta, eu sabia que ele era um excelente lutador, me preparei muito bem para a luta e fui para ganhar, como sempre vou, mas quando começou a luta, eu percebi que ele era muito melhor do que eu imaginava. Uma das poucas coisas que me lembro desta luta foi exatamente uma hora em que ele me deu um Jab e eu pensei: “como este cara consegue fazer tudo parecer tão fácil, soltar os golpes com tanta facilidade?” Mas mesmo assim eu continuei em busca de uma falha dele que eu pudesse aproveitar e ganhar a luta, mas, infelizmente, não a encontrei e o resultado todos sabem! (risos). Como disse antes, ganhar e perder faz parte, só sabe disso quem tem coragem de lutar, de colocar a cara.

Zumbano considera Joshua como o oponente mais forte que enfrentou.(www.livefight.com)

Zumbano considera Joshua como o oponente mais forte que enfrentou.(www.livefight.com)

NR: Tem algum oponente que você tenha o desejo de enfrentar?

Qualquer campeão mundial! Meu sonho e meu objetivo é ser campeão mundial, então devo lutar com eles. Mas eu não escolho oponente, luto com qualquer um! Para ser o melhor, tenho que ganhar dos melhores! Digo que só tem dois caras que eu nunca gostaria de lutar, pelo simples motivo de ter uma boa amizade com eles e de nos ajudarmos nos treinamentos: o Irineu Beato e o Bermane Stiverne. Gostaria de lutar também com os caras que me venceram, para eu ter a oportunidade de devolver a derrota.

NR: Quais são seus planos, seus projetos para o futuro?

Meus planos são de seguir trabalhando duro na academia e fazer boas lutas até aparecer a oportunidade de um título mundial e eu sei que ela vai aparecer mais cedo ou mais tarde, treino e vivo pensando nela e eu acredito que ela chegará.

NR: Agradeço novamente por disponibilizar o seu tempo e nos conceder essa entrevista! Deixo aberto o espaço para você traças suas considerações finais e mandar um recado para todos os seus fãs espalhados pelo Brasil:

Não tenho muito que falar não, só agradecer novamente o interesse de vocês pelo meu trabalho, agradecer a todos que de alguma forma me apoiam e torcem por mim, pedir que continuem torcendo e apoiando que vai dar tudo certo e, claro, agradecer à Deus, por todas as oportunidades que ele coloca no meu caminho e por me dar saúde para poder aproveita-las. Abraços a todos e que Deus abençoe sempre à todos nós!

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Escrito por Luiz Fernando Knoll Junior



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Entusiasta da Nobre Arte e do MMA desde tenra idade. Posso me gabar de ter nascido em uma geração que acompanhou as lutas de Mike Tyson, Maguila, Holyfield, Foreman, Roy Jones Jr, Popó, entre outros e de ter acompanhado os primórdios do MMA (antigo Vale Tudo), desde o chute de Gerard Gordeau em Teila Tuli, o massacre que Rickson Gracie promoveu no Japão, até os dias de hoje, com atletas marciais completos como Jon Jones. Nasci em Curitiba, terra da Chute Boxe e de valorosos guerreiros e espero trazer um pouco dessa experiência para os leitores do Nocaute na Rede.
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