Entrevista: Ex-judoca, Luana Pinheiro analisa sua evolução na trocação e judô aplicado no MMA

Kaue Macedo entrevista Luana Pinheiro
Foto: Reprodução

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Uma das promessas do MMA feminino, Luana Pinheiro realizará sua primeira luta fora do país no próximo sábado (7), na Colômbia, diante da venezuelana Yasmeli Araque pelo Brave CF 26. A brasileira tem apenas 26 anos e já foi uma das principais lutadoras de judô no Brasil, modalidade que competia até quatro anos atrás.

Luana falou sobre sua evolução na trocação, sobre os detalhes do judô aplicado ao MMA e sobre o futuro da carreira no Brace CF.



 

Kauê Macedo: A transição de uma arte marcial tradicional para o MMA é um processo bem complicado. Como você avalia sua evolução nos últimos anos para esse novo esporte?

Luana Pinheiro: A palavra chave está na sua pergunta: evolução. É um processo de “reconstrução”, migrando de praticamente tudo que foi minha base para um novo esporte, novos desafios. Mas tem sido recompensador toda essa jornada. No sábado, agora, já faço minha primeira luta fora do país e as coisas têm evoluído muito rapidamente e não poderia estar mais feliz.

 

Kauê Macedo: Após seis lutas profissionais, o quão confortável você se sente com sua trocação dentro do cage?

Luana Pinheiro: Cada dia mais confortável com o jogo em pé em si. Tenho feito um trabalho quase que diário de estudo e treino de artes marciais com foco em pé para aprimorar o meu jogo de MMA. Quero acrescentar o máximo possível de armas ao meu arsenal para, além de me tornar uma atleta mais completa, também criar mais dificuldades e confusão para minhas adversárias.

 

Kauê Macedo: Como tem sido a adaptação para aplicar o judô ao MMA? Acredita que tem funcionado bem para você?

Luana Pinheiro: Sim, tem funcionado perfeitamente. Por ser uma modalidade que poucos usam como base no MMA é ainda raro ver defesas específicas para movimentos do judô. A maioria das pessoas ainda “se assusta” quando é colocada em uma posição que é comum no judô. Claro que tem suas diferenças e temos que adaptar, como, por exemplo, a ausência de um quimono para você fazer a pegada específica ou a possibilidade de você levar um socão na cara ao se aproximar (risos).

 

Kauê Macedo: Por não ser uma arte marcial que dá base ao MMA (como wrestling, jiu-jitsu e muay thai/kickboxing), o judô não é tão praticado pelos lutadores. Isso, de alguma forma, pode te dar alguma vantagem por ter esse diferencial?

Luana Pinheiro: Como disse anteriormente, poucos se “preocupam” ou especializam no judô até pelo enfoque que dão em outras artes no MMA. O judô é parte da minha história, desde novinha já o pratico, e é quase que natural para mim. Quando a brecha aparece, procuro aplicar as técnicas que tenho à disposição e até hoje tem funcionado perfeitamente.

 

Kauê Macedo: Sua próxima adversária é venezuelana e tem sua experiência como lutadora na Colômbia e na América Central. Como o Brasil segue a base mais tradicional de MMA, Yasmeli Araque deve ter uma base de treinamento bem diferente, assim como experiências de lutas diferentes da sua. Você acredita que isso pode te trazer um desafio diferente dos que você teve anteriormente?

Luana Pinheiro: Claro! Assim como eu serei algo inédito para ela, o inverso também é verdadeiro. Mas eu estou extremamente confiante na preparação que fiz para essa luta, independente da rival que terei pela frente. Não foram apenas seis semanas de camp, foram praticamente 15 meses focados na minha evolução como artista marcial, com treinos na Nova União e na BH Rhinos procurando aprimorar minhas qualidades e corrigir meus erros. Tenho só que agradecer a todos que estiveram envolvidos e me ajudando durante esse período e terei oportunidade de mostrar essa evolução no sábado.

 

Kauê Macedo: Essa será sua primeira luta fora do Brasil. Aspectos como logística e habituação ao local são inevitáveis, mas o fato da luta ser na Colombia torna essa experiência diferente para você?

Luana Pinheiro: Claro que sim. Muita gente não tem essa dimensão do que é lutar MMA (ou qualquer outro esporte de combate). Acha que é apenas subir no tatame e trocar golpes com alguém. É estudo diário, horas na academia aprimorando técnica e fisicamente, é o sacrífico da dieta e do corte de peso e, claro, tem aspectos que fogem do seu controle como um ambiente diferente, viagens, hotel, etc… O que eu procuro fazer é controlar o que está ao meu alcance e fazer o melhor possível para estar 100% dentro do cage.

 

Kauê Macedo: Você fará sua segunda luta no Brave CF. Como tem sido sua experiência na organização? Tem planos de continuar nela por mais tempos e alcançar objetivos maiores com ela?

Luana Pinheiro: Tem sido uma experiência gratificante. O Brave é um evento bem organizado e que valoriza bastante o esporte. Percebo que eles colocam muita fé em mim, investem bastante na “minha marca” e tenho feito tudo que está ao meu alcance para devolver toda essa confiança. O que eu planejo é vencer a minha luta no sábado (risos). O que vier após isso é consequência de uma boa apresentação, um bom resultado. Tenho certeza que fazendo a minha parte, o retorno será recompensador.



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Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
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