Existe caminho seguro até o estrelato?

O Nocaute na Rede foi atrás de um dos grandes profissionais das artes marciais em Minas Gerais para discutir o papel das entidades representativas na carreira do atleta marcial,...

O Nocaute na Rede foi atrás de um dos grandes profissionais das artes marciais em Minas Gerais para discutir o papel das entidades representativas na carreira do atleta marcial, os desafios na organização de lutas e conhecer um pouco do Savate, arte marcial francesa em ascensão no Estado.

Wilson Peterson - preocupação com desempenho de atletas do país



Wilson Peterson – Preocupação constante com o desenvolvimento do atleta brasileiro

O atleta marcial que pretende seguir carreira no mundo das lutas tem se deparado com uma gama enorme de eventos, agenciadores e principalmente, entidades representativas. Muitos cinturões, muitos campeões em uma mesma categoria, mas pouco resultado efetivo para sua carreira. Tem percebido também a necessidade crescente de ampliar seu leque de aprendizado de artes marciais, em detrimento da prática de uma modalidade única por exemplo. Diante destas perspectivas e tanta pressão, fica a pergunta: existe um caminho seguro até o estrelato?

Uma pesquisa rápida em um site de buscas, mostra que há pelo menos 457 mil, isso mesmo, 457 mil referências a federações, ligas e confederações gravitando em torno do esporte de contato Brasil a fora. Em grande maioria organizando eventos em que apontam o campeão estadual ou mesmo nacional. Por esta lógica, existem neste momento centenas de milhares de campeões mineiros, gaúchos, baianos ou mesmo campeões brasileiros nos milhares de rankings espalhados por aí. Mais estranho ainda é que muito raramente se ouve falar de unificação de cinturões, como acontece com o boxe por exemplo, para afunilar este panteão.

Todas as entidades têm em comum um aspecto: alegam em sua maioria ser a única representante oficial ou a melhor do estilo, forma ou modalidade das artes marciais. Verifica-se a pouca ou nenhuma articulação entre as mesmas (ainda que suas sedes estejam num mesmo bairro, por exemplo), o que leva a uma pulverização gigante de eventos, patrocinadores e público. Sem diálogo, chegam a organizar 3, 4, 5 eventos no mesmo fim de semana ou em datas muito próximas, o que leva tanto lutadores quanto torcida ao caos. Mesmo as mais entidades puristas, ou seja, sem representação declarada ao MMA, tem abandonado seus respectivos objetivos organizacionais, seduzidas pelo crescente mercado do Mixed Martial Arts.

Esta pluralidade de representações e objetivos difusos, ao contrário de benéfica, pode atrapalhar o desenvolvimento da carreira do lutador, levando-o a percorrer caminhos muito maiores que o necessário para se chegar aos grandes torneios. Por outro lado, cada vez mais eventos acontecem com público esvaziado, com poucos ou nenhum patrocínio, ou ainda, lutas comprometidas pelo pouco tempo de recuperação que os atletas tem em busca do sonho de chegar ao estrelato.

Cabe ao atleta e a seus treinadores discernir com calma, cuidado e zelo quem serão suas representações oficiais e trabalhar criteriosamente na escolha de quais eventos participar, sob o risco que interromper precocemente a carreira do lutador, seja pela desmotivação, lesões ou pela dificuldade em se firmar.

Entrevistamos o sr. Wilson Peterson, de Minas Gerais, à frente aqui no Brasil da Word Kickboxing Federation, Confederação Brasileira de Kickboxing e Thai Boxing e Federação Mineira de Savate para conhecer melhor o trabalho destas entidades e falar também desta modalidade de luta que tem ganhado destaque em terras mineiras.

1 – Wilson, conte um pouco de sua trajetória no mundo das artes marciais:

Comecei aos 12 anos de idade na Academia Bruce Lee Center com o Mestre Akio Matsuura, onde treinei por 6 anos Kung Fu Chuan Tao Chuan e Full Contact, neste período treinei também com o Mestre Japão Full Contact, TKD e Kung Fu. Depois treinei Kung Fu Shaolin do Norte com o Mestre Ederci Lopes Martins – Fanthum, depois treinei várias artes como KickBoxing, Boxe, Wing Chun, Muay Thai, Garra de Águia, Jiu Jitsu, Judô e Luta Livre. Em 2005 conheci o Savate através do Mestre Richard, entrando em um novo patamar, pois tive oportunidade de treinar com campeões mundiais e me apaixonar pela arte francesa!

2 – Conte como anda o trabalho de difusão do Savate no Brasil:

Estávamos em franca ascensão, após reestruturação da Federação Brasileira estamos em processo de crescimento novamente.

3  – Fale-nos sobre seu trabalho à frente da WKF, CBKT e Federação Mineira de Savate.

Em relação a CBKT é a federação que mais cresce no Brasil, este ano teremos vários eventos oficiais, a ideia é manter o ritmo ano que vem. A Federação Mineira de Savate fez o segundo campeonato estadual, que foi importante para divulgar a arte.

Este ano fui nomeado presidente da WKF Brasil, a idéia é levar uma grande delegação brasileira para disputar o Sul  Americano e o Mundial. Este ano irei arbitrar a final do Sul Americano!

4 – Temos percebido nos últimos anos, uma grande proliferação de entidades ditas representativas de artes marciais e de seus praticantes, fato que tem deixado muitos atletas perdidos, em relação a torneios, ranqueamentos, representatividade e a própria conduta de trabalho destas entidades. Como identificar realmente uma Federação como entidade séria e pró-atleta marcial?

A legislação brasileira permite a criação de várias federações. Eu acho importante termos várias federações, pois quem fizer o melhor trabalho vai se destacar no cenário nacional. O chato são que os usam a federação pra vender diplomas ou dar curso de instrutor de uma semana. É necessário estar devidamente registrada nos órgãos competentes, e ter bom relacionamento com outras entidades e profissionais da área.

5 – Qual a importância de filiar-se a uma Federação ou Confederação para um atleta que almeja profissionalizar-se nas artes marciais?

Quando se é filiado a uma  Confederação o atleta pode conseguir benefícios como bolsa atleta, disputar eventos nacionais e internacionais de relevância reconhecida.

6  – Em tempos de muito MMA, quais são as maiores dificuldades enfrentadas por artes marciais mais “puristas”, como o Savate, Kickboxing e Kung Fu por exemplo, para se destacar, e ainda, não se render ao modismo?

O maior problema é a falta de apoio, a falta de patrocínio nos obriga a fazer cada vez menos eventos. Isso atrapalha o desenvolvimento dos atletas do país.

7 – A exemplo da arbitragem no futebol, a arbitragem em alguns eventos de artes marciais tem deixado a desejar, inclusive com decisões controversas no próprio UFC. Como anda a formação destes profissionais atualmente?

O problema é o mesmo do futebol, como cobrar profissionalismo se os árbitros não são profissionais?

8 – Vem aí mais a 3ª Edição do STRIKER, Edição de Ouro. Conte-nos sobre a trajetória deste evento e dê-nos detalhes sobre o mesmo. Aberto à participação de outros Estados?

Nos outros eventos tivemos participação de equipes de todo Brasil, o do dia 5 e 6 (de outubro) será o campeonato estadual da CBKT, então só equipes do Estado podem participar.

9 – Quais têm sido as maiores dificuldades e desafios encontrados hoje para um organizador de eventos esportivos em Artes Marciais?

A falta de patrocínio dificulta muito. Um bom evento sai caro.

10 – Dê nos detalhes sobre como filiar-se na WKF, CBKT e Federação Mineira de Savate.

CBKT funciona de acordo com o estatuto:

Filiado A: trabalha com muay thai

Filiado B: Trabalha com Kickboxing

Filiado C: trabalha com outras artes.

Deve se enviar currículo e o  certificado de graduação. Pela Federação Mineira deve se procurar o Mestre Richard Des Forest.

A WKF entra em operação somente o ano que vem.

Contatos com Wilson para informações sobre as federações, arbitragem ou Savate podem ser feitos através do telefone (31) 9479-7255.

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Escrito por Júlio César Costa



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LutasMMA Nacional

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