A tão sonhada Faixa Preta de Jiu-Jitsu é um objetivo para muitos atletas. Muitos a conseguem por esforço e dedicação, outros a conseguem pela disciplina. Mestres concordam que não precisa apenas de nível para ser condecorado, além disso vem a questão da filosofia de vida passada pela arte.
Antes de tudo, gostaria de me apresentar. Sou Bruno Carvalho, 34 anos, praticante de Jiu-Jitsu desde 2000. Entre idas e vindas, sou Faixa Roxa 2 graus. Nesta minha caminhada no Jiu-Jitsu, muitos amigos atingiram a faixa preta, depois de vários anos treinando. Alguns com 9 ou 10 anos de tatame, de dedicação e puro amor a arte. Eu sou um dos únicos da minha turma que ainda não conseguiu, mas por vários motivos eu precisei parar alguns tempos. Faculdade, casamento, filho… Tudo isso me deixou alguns períodos ausente do tatame e da arte que tanto amo. Mas o motivo deste tópico, até de forma pessoal é sobre a banalização da faixa preta por parte de alguns atletas, principalmente de MMA.
Ultimamente vemos noticias de alguns atletas ganhando faixa de Jiu-Jitsu facilmente. Alguns treinadores de Jiu-Jitsu de estrelas do MMA tem graduado seus alunos, mesmo treinando-os para o MMA, o que na minha visão é totalmente diferente, pois são mais basicamente atletas de Submission e não de Jiu-Jitsu, pois não usam o “pano”, “Gi” ou simplesmente “kimono”. Verifico que muitos fazem esse tipo de graduação para se promoverem, pois esses atletas jamais lutarão um campeonato de Jiu-Jitsu para serem avaliados. Um caso de humildade quem me chamou a atenção foi a simplicidade do Jon Jones estar treinando Jiu-Jitsu de Kimono e usando uma faixa branca. Ele, um atleta completo, oriundo do Wrestling e que soube se defender do armlock imposto por Belfort, passou essa humildade. Muitos sabem como o chão dele é bom, independente da faixa empunhada.
Cain Velasquez, Daniel Cormier e Luke Rockhold foram graduados pelo brasileiro Leandrinho Vieira, mesmo sem histórico nenhum de treino de Jiu-Jitsu. Daniel Cormier, o caso mais estranho, em dois anos de Jiu-Jitsu recebeu a marrom.
Alheios a tudo isso, existem os que foram prodígio, e que pularam de faixa rapidamente, como o Fredson Paixão (pulou da Roxa para a preta), Vitor Belfort ( que pulou da azul para a preta, mas sendo dada pelo Mestre Carlson Gracie dispensa comentários, né?) e Sérgio Penha (Que pulou da Roxa pra preta sob a supervisão de Hélio Gracie, por intermédio de Osvaldo Alves). Esses atletas, diferentemente dos atletas do UFC, tiveram uma passagem pelo Jiu-Jitsu de Kimono e não somente o submission.
Sérgio Penha, para justificar sua faixa preta, fez uma luta memorável contra Rickson Gracie, onde muitos que viram dizem ter sido a melhor luta de Jiu-Jitsu de todos os tempos, inclusive com Sérgio vencendo durante a maior parte do tempo, perdendo no finalzinho.
Fredson Paixão, que teve uma breve passagem pelo WEC era tido como um dos mais cascas-grossas de sua academia, finalizando vários faixas-pretas, que sua mudança de faixa foi pedida pelos próprios amigos de academia. Para acabar com qualquer questionamento, foi campeão nacional na faixa preta nos anos de 2000 a 2004. Um ano antes, em 1999 ele tinha vencido o campeonato na faixa roxa. De quebra, ainda ganhou 3 mundiais na faixa preta (2000, 2001 e 2005).
O caso mais recente foi do atleta Jom Tuck, que foi graduado faixa preta. Muitos justificam que o mesmo pratica Jiu-Jitsu tradicional (com kimono) desde 2009, obtendo a graduação de faixa preta no fim de 2014.
Queremos deixar bem claro que essa matéria não visa criticar qualquer forma de graduação realizada pelos mestres desses atletas, afinal, ninguém melhor do que eles para avaliarem seus atletas. O que estamos levando em consideração é que não foram respeitados os prazos mínimos de permanência estabelecidos pela CBJJ, conforme abaixo:
Branca – não há tempo mínimo
Azul – 2 (dois) anos
Roxa – 1 (um) ano e meio
Marrom – 1 (um) ano
E você leitor, o que acha dessa forma de graduação de atletas de MMA?
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Escrito por Bruno Carvalho