Lendo o livro do Grande Mestre João Alberto Barreto, Do ValeTudo brasileiro ao Mixed Martial Arts (grafado assim mesmo: Valetudo, junto e misturado, rs), diante de várias indagações e sugestões propostas pelo gabaritado autor, uma em especial me fez pensar muito, aliás, ainda está me fazendo refletir: para onde está caminhando o MMA?
Segundo o Grande Mestre, o MMA atual perdeu o real sentido, pois os atletas não lutam mais para superarem seus oponentes através de suas habilidades técnicas e atléticas, muitos dos golpes utilizados têm o único intuito de machucar seus oponentes, e não mostrar superioridade na aplicação de técnicas eficientes. Pisões no pé, ground n’pound sem objetivo, pisões nos joelhos, cotoveladas no solo… Serão essas ferramentas realmente essenciais para se obter a vitória?
Utilizar golpes que abram espaço para o nocaute ou a finalização deve sempre ser o objetivo de todo o lutador, mas ficar machucando seu oponente apenas para ganhar uma luta por pontos, onde sua deficiência técnica é maquiada pelo uso de pseudo efetividade?
Quando um striker adentra um cage ele tem que buscar ferramentas eficientes que o levem a conseguir o nocaute, assim como quando um grappler leva seu oponente ao solo, este tem que buscar movimentos conjugados com golpes traumáticos que lhe abram espaço para as finalizações. Lógico, que nem sempre o nocaute e a finalização irão acontecer, mas quando um atleta entra em uma luta com esse objetivo, utilizando de suas habilidades com perícia e destreza, no mínimo seremos agraciados com uma bela luta.
Não estou dizendo que esta é a verdade absoluta, apenas fazendo uma reflexão diante do tema levantado pelo honrado Mestre. Compreendo que treinadores, atletas, especialistas e fãs do esporte têm todo o direito de expor suas opiniões, pois todos gostam de repetir aos berros que o MMA é o esporte que mais cresce, porém se esquecem de que muito precisa ser feito para isso, que ainda precisamos criar alicerces muito bem estruturados para que nenhum vendaval venha a nos derrubar.
Sem dúvida que muita coisa precisa ser discutida, como a real profissionalização da atividade, seus benefícios e consequências, por exemplo. Mas que tal começarmos pela qualidade do espetáculo? Será que é pedir muito por lutas com maior plasticidade? Atletas mais dinâmicos e eficientes? Regras que privilegiem o esporte e não apenas o resultado?
A única certeza que tenho é que ainda estamos engatinhando, dependentes de uma única organização, atletas sem benefícios, muitas equipes sem estrutura, eventos sem gestão e muita gente querendo aparecer, sem ter nada para acrescentar. Como sou um homem de fé, continuo acreditando em dias melhores, quando finalmente poderemos encher o pulmão e gritar que o MMA é uma realidade, um esporte sólido, onde o atleta pode se dedicar que ele terá sua recompensa no final da jornada!
Saudações esportivas! Fiquem com Deus!
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Excelente análise, Carlão. A questão é que isso tudo já é um fato. Percebemos nos últimos eventos do UFC uma quantidade crescente de lutas indo para a decisão dos jurados e cada vez menos finalizações sendo que em diversos eventos não tem sequer uma. Sua preocupação é muito pertinente e o dabete acerca do assunto deve começar urgentemente para que o esporte como um todo não se perca.