O Jiu-Jitsu no MMA: O objetivo de Hélio Gracie de difundir o Jiu-Jitsu foi alcançado?

O Jiu-Jitsu nem sempre foi uma arte conhecida, embora o saudoso Hélio Gracie, em sua jornada como professor, atleta e mentor, tenha marcado diversos desafios, mostrando sempre a supremacia...

O Jiu-Jitsu nem sempre foi uma arte conhecida, embora o saudoso Hélio Gracie, em sua jornada como professor, atleta e mentor, tenha marcado diversos desafios, mostrando sempre a supremacia do jiu-Jitsu perante várias modalidades. De acordo com sua história, Hélio Gracie, visando promover o Jiu-Jitsu, desafiou diversos lutadores de várias artes marciais, saindo vitorioso em sua maioria, já que o mesmo tem eu seu histórico três derrotas. A sua primeira derrota foi em 1933, quando estava em desvantagem contra o Americano Fred Herbert, quando a polícia chegou e encerrou o combate. Essa luta rendeu a Hélio o convite para fazer demonstrações para as Forças Armadas. Perdeu para o Masahiko Kimura, Campeão Japonês de Judô, que pesava 8kg a mais. Hélio havia vencido Kato, que era discípulo de Masahiko, por estrangulamento

Hélio Gracie X Kato, onde venceu por estrangulamento. Foto: Arquivo Gracie

Hélio Gracie X Kato, onde venceu por estrangulamento. Foto: Arquivo Gracie

Abismado com a derrota do aluno, que ele havia mandado especialmente para lutar contra Hélio, Masahiko Kimura aceitou o desafio e lutou contra Hélio. Abaixo, um trecho do relato escrito por Masahiko Kimura:



“Hélo me agarrou pelas duas lapelas, e me atacou com um O-soto-gari e Kouchi-gari. Mas ele não me moveu nem um pouco. Agora era minha vez. Eu o joguei no ar por O-uchi-gari, Harai-goshi, Uchimata, Ippon-seoi. Por volta de 10 minutos de luta, eu o lancei por O-soto-gari. Eu planejava causar uma concussão. Mas já que o tatame era muito macio não teve muito efeito nele. Enquanto continuava a lançá-lo, estava pensando em um modo de finalizar. Eu o arremessei por O-soto-gari novamente. Assim que Hélio caiu, eu o imobilizei por Kuzure-kami-shiho-gatame. Eu mantive por dois ou três minutos, e então tentei sufocá-lo pela barriga. Hélio balançava sua cabeça tentando respirar. Ele não aguentava mais, e tentou empurrar meu corpo esticando seu braço esquerdo. Nesse instante, eu agarrei seu pulso esquerdo com minha mão direita, e torci seu braço. Apliquei Udegarami. Eu pensei que ele iria desistir imediatamente. Mas Hélio não bateu no tatame. Não tive escolha a não ser continuar a torcer o seu braço. O estádio silenciou. O osso de seu braço estava se aproximando do ponto de quebrar. Finalmente, o som do osso quebrando ecoou no estádio. Ainda assim Hélio não desistiu. Seu braço esquerdo já estava inutilizado. Sob essa regra, eu não tinha outra escolha a não ser torcer o seu braço novamente. Tinha muito tempo ainda sobrando. Eu torci o seu braço esquerdo novamente. Outro osso quebrou. Hélio ainda não bateu. Quando tentei torcer o braço novamente, uma toalha branca foi jogada. Venci por TKO(nocaute técnico). Minha mão foi erguida. Japoneses brasileiros correram para a arena e me ergueram. Por outro lado, Hélio deixava seu braço esquerdo pendendo e parecia muito triste, resistindo a dor.”

Hélio Gracie com Masahiko Kimura, ao fim da luta. Foto: Arquivo Kimura

Hélio Gracie com Masahiko Kimura, ao fim da luta. Foto: Arquivo Kimura

Outra derrota foi para Valdemar Santana, 25 anos e 94kg um ex-aluno, que aprendeu Jiu-jitsu com o próprio Hélio, que tinha 44 anos e 67kg, numa batalha que durou 3 horas e 45 minutos, em 1955. Esta luta é a que acreditamos ser a mais longa luta de Vale-Tudo de todos os tempos. Hélio acabou desmaiando, fadigado da luta com um atleta quase 30kg mais pesado. Valdemar foi declarado Campeão.

Hélio Gracie x Valdemar Santana. Foto: Arquivo Gracie

Hélio Gracie x Valdemar Santana. Foto: Arquivo Gracie

“Ele ganhou, mas eu não perdi” – Hélio Gracie

Nestas épocas, valentões dos bairros boêmios do Rio de Janeiro eram oriundos da Capoeira e do Boxe. Muitas brigas ocorriam nas ruas, em portas de bares e boates. Como ninguém andava com a vestimenta de sua arte, ninguém tinha noção de qual a arte estava sendo empregada. Hélio desafiou-os para ir em sua academia e com isso, obteve a fama necessária para conquistar muitos adeptos. O seu maior sonho era expandir o Jiu-Jitsu como a melhor técnica de defesa pessoal.

Cartaz de promoção do UFC 1. Foto: UFC

Cartaz de promoção do UFC 1. Foto: UFC

Acreditando que esta imagem estava fortalecida, Rorion Gracie, então radicado nos Estados Unidos, resolveu criar o Ultimate Fighting Championship, onde seria realizado um torneio no estilo “mata-mata”, convocando lutadores de várias modalidades de luta, para provar a supremacia do Jiu-Jitsu. Nesta época, a família Gracie contava com um lutador fantástico, chamado Rickson Gracie (inclusive um dos responsáveis por limpar a imagem de Hélio perante Valdemar Santana). Como o Rickson tinha um físico avantajado e teria o peso equivalente ao dos lutadores inscritos, optaram por colocar Royce Gracie como representante da família. Pacato e calmo, Royce nunca tinha se envolvido em uma briga de rua, e ajudava Rorion Gracie nos Estados Unidos sendo babá de seus filhos.

Royce Gracie, 26 anos, 1.85 e pesando 80kg, conseguiu vencer 3 lutas, todas por finalização e sagra-se campeão do UFC1, chegando a ter disparidades de até 30kg de diferença em seus oponetes. Somando todas as lutas de Royce Gracie no UFC 1, não ultrapassou 5 minutos, dando uma média de um minuto e meio para cada oponente. Era o que o clã Gracie queria: mostrar a supremacia do Jiu-Jitsu perante todas as artes marciais. Muitos dizem que os lutadores do UFC 1 não eram lutadores tão dedicados, enquanto Royce recebeu um treinamento voltado para o evento.

Royce Gracie em ação no UFC 1, tendo seu braço erguido pelo árbitro John McCarthy.

Royce Gracie em ação no UFC 1, tendo seu braço erguido pelo árbitro John McCarthy.

Royce retornou ao UFC 2, venceu novamente. No UFC 3 foi obrigado a desistir pelo cansaço da luta contra Kimo Leopoldo e retornou ao UFC 4, mais uma vez campeão. Um dos momentos marcantes foi a vitória de Royce Gracie contra Ken Shamrock, em apenas 57 segundos. 

Royce Gracie e o estrangulamento que finalizou Ken Shamrock. Foto: UFC

Royce Gracie e o estrangulamento que finalizou Ken Shamrock. Foto: UFC

Desta época para a atual, temos atletas brilhantes na arte de solo, como Rickson Gracie, Ricardo Arona, Frank Mir, Minotauro, Demian Maia, Roger Gracie, Nick e Nate Diaz. A mais nova aposta da família Gracie é o filho de Rickson, Kron Gracie.

Hoje, todo atleta de MMA é obrigado a treinar Jiu-Jitsu, já que muitas lutas, embora por nocaute, terminem no chão. Saber se defender, pelo menos é uma obrigação. Com isso, lançamos a pergunta: O objetivo de Hélio Gracie de difundir o Jiu-Jitsu foi alcançado?

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Escrito por Bruno Carvalho



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