O lado “negro” do MMA nacional(parte 1): Empresários que aplicam calotes nos lutadores

A cada dia que passa, as grandes organizações de MMA fazem shows cada vez mais espetaculares, cada vez mais grandiosos, cada vez mais profissionais. Em contrapartida, há os eventos...

A cada dia que passa, as grandes organizações de MMA fazem shows cada vez mais espetaculares, cada vez mais grandiosos, cada vez mais profissionais. Em contrapartida, há os eventos que querem apenas lucrar em cima de atletas, buscando enrolá-los das mais diversas. Lutadores como Netto Bjj, Anderson Berinja e Dirlei “mão de pedra” contam duas histórias.

(Foto: Reprodução/ MMA Space)

(Foto: Reprodução/ MMA Space)

No Brasil, muitas organizações de MMA vem aparecendo. Algumas já com um certo nome e prestígio, outras ainda na busca por um lugar ao sol. Mesmo com tantas dificuldades, principalmente no que diz respeito à verba, boa parte tenta manter o compromisso com os atletas. No entanto, há um lado, digamos obscuro, que mancha o nosso MMA nacional, que é justamente a falta de compromisso dos organizadores dos eventos.
Organizadores que deixam o atleta lutar e depois não querem pagar a bolsa respectiva pela qual o lutador teria direito. Esse foi o caso que aconteceu com um lutador que participou do TUF Brasil 4 e que hoje luta pelo UFC, Netto Bjj.



“Há 2 anos atrás, em 2013, fui participar de um evento em Goiânia. Estava no início da minha carreira profissional no MMA e fui lutar contra um cara bem mais experiente, com 14 ou 15 lutas no cartel. A intenção deles era muito clara, queriam fazer cartel em cima de mim. Com a diferença de experiência, era quase certa a minha derrota. A luta aconteceu, eu acabei vencendo e não recebi o dinheiro que havia sido combinado, que era de R$ 2 mil pela luta e mais R$ 2 mil pela vitória. Acabei sendo o único atleta do evento que não recebi meu pagamento, fato este que foi inclusive reconhecido pela própria organização. Tentamos de várias maneiras às negociações, mas o pessoal só enrola, fala que vai pagar mas não paga,  fala que não tem dinheiro, e por aí vai. Já me deram um cheque, e esse cheque foi sustado, apenas para que eu não recebesse. Os organizadores, que por sinal são todos bem conhecidos por lá, sempre ficam a tirar o corpo fora. Esperei a boa vontade das pessoas nesses últimos dois anos, mas como não aconteceu nada, resolvi entrar na justiça. Gastei com treino, suplementação e várias coisas mais na preparação para a luta, então só quero receber aquilo a que tenho dinheiro”, contou Netto com exclusividade ao Nocaute na Rede.

Outros organizadores, após todo o sofrimento da preparação a qual o atleta se submete, perdendo peso e se preparando técnica, físico e psicologicamente, simplesmente, em algumas situações até mesmo há poucas horas da luta, apenas chegam e dizem que não há dinheiro para efetuar o pagamento, deixando um lutador em uma situação difícil, de ter que escolher entre: Lutar de graça para pelo menos “inflar” o ego ou simplesmente ir embora com a frustração de ter se desgastado fazendo toda a preparação e não poder mostrar os “frutos” disso.

O campeão peso pesado do Pride e interino do UFC, e um dos maiores nomes do MMA na história, Rodrigo Minotauro, já declarou algumas vezes que em sua primeira luta de MMA, pouco antes de entrar no ‘cage’, o dono do evento chegou e disse que não tinha dinheiro para pagá-lo, mesmo assim Minotauro disse que lutaria, e lutou e venceu. Segundo o ex campeão, as primeiras lutas são oportunidades para mostrar seu trabalho, e não para já vislumbrar fins lucrativos.
Observando a declaração de Minotauro, será que os donos das organizações atuais, acreditam que os lutadores podem pensar dessa mesma forma e sempre acabarem lutando? Anderson Berinja, um dos destaques do MMA nacional, com um cartel de 14 lutas, 12 vitórias e 2 derrotas, contou uma história desse tipo pela qual já teve que passar.

(Foto: Carol Correia)

(Foto: Carol Correia)

“Eu fui lutar em um evento em Minas Gerais, junto com o Checco e o Lucas Mineiro. Viajamos 800 km de carro, fizemos sauna e batemos peso. No dia da luta, chegamos e começamos a “fazer a mão” para lutar, quando o dono do evento chegou e disse que não tinha grana para pagar ninguém, que não deu a bilheteria que ele esperava. Acabamos indo embora, sem nenhum real no bolso. Só gastamos dinheiro com a viagem (risos)”, declarou Berinja com exclusividade ao Nocaute na Rede.

O campeão meio pesado do Jungle Fight, Dirlei “mão de pedra”, também acabou passando pela mesma situação de Berinja. A mudança é que o dono do evento não falou que não teria dinheiro para pagar os lutadores. Nessa, os atletas que tiveram que descobrir sozinhos e assim abandonarem o evento.

(Foto: Reprodução/ Tapology)

(Foto: Reprodução/ Tapology)

“Fui lutar em Manaus, era uma bolsa de R$ 5 mil. O cara pagou as passagens e hospedagens,e ficou combinado que os lutadores receberiam 50% da bolsa antes e 50% da bolsa após a luta. O que ocorreu é que quando já estava na terceira luta da noite, descobriram que ele não teriam efetuado o pagamento de nenhum lutador antes da luta. Ninguém mais lutou depois disso, foi um desastre. Graças a Deus que tudo isso foi antes da minha luta”, revelou Dirlei ao Nocaute na Rede, com exclusividade.

Diante de algumas dessas revelações e de algumas outras não publicadas, vemos que o MMA nacional ainda precisa evoluir muito, principalmente nessa parte da organização e do compromisso. Aliás, preciso lembrar que, a falta de compromisso não é só por parte dos eventos para com os atletas, mas também por parte dos atletas para com os eventos, no entanto, isso fica para uma próxima ocasião.

 

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Escrito por Kaio Teixeira Lima



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Pai, marido, neto, amante da família; filho de Deus; Graduando em Comunicação Social (Rádio e TV) na Universidade Federal do Maranhão; Editor chefe do Nocaute na Rede, sonha em seguir carreira na área esportiva; Redator nas seções de MMA nacional e internacional; Apaixonado por rádios, jornais, livros, podcasts, filmes, séries, comidas, esportes em geral (principalmente MMA, futebol e basquete); Praticante de MMA e muay thai;
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