Pai Montanha Analisa #1: Werdum campeão – Zebra ou resultado esperado?

No último fim de semana, uma nova era entre os pesos-pesados começou. Até a noite do UFC 188, após tirar o cinturão das mãos de Brock Lesnar em 2010...

No último fim de semana, uma nova era entre os pesos-pesados começou. Até a noite do UFC 188, após tirar o cinturão das mãos de Brock Lesnar em 2010 (no UFC 121 – Lesnar vs. Velasquez), Cain Velasquez lutou contra apenas dois lutadores: Antônio “Pezão” Silva e Júnior “Cigano” dos Santos. JDS herdou o título após derrotar Cain, e perdeu para o mesmo no UFC 155. O americano de raízes mexicanas ainda defenderia seu reinado por duas vezes, novamente contra Pezão e Cigano (este, em incrível performance, no UFC 166 – Velasquez vs. dos Santos III). Após algum tempo com o campeão de fora por lesão, Fabrício Werdum conquistou o título interino da divisão, e foi relacionado para uma disputa de unificação de cinturão dos pesos-pesados, logo no México, com o qual Cain tem fortes raízes. Foi em meio a estas circunstâncias que o brasileiro (mais uma vez) chocou o mundo.

Werdum foi o primeiro a derrotar Fedor em quase 10 anos de invencibilidade do russo (Foto: Esther Lin/ Strikeforce

Werdum foi o primeiro a derrotar Fedor em quase 10 anos de invencibilidade do russo (Foto: Esther Lin/ Strikeforce)

Werdum é um atleta experiente. Com passagens pelo próprio UFC (entre 2007 e 2008), pelo Pride e pelo Strikeforce, o brasileiro ganhou notabilidade ao finalizar o lendário Fedor Emelianenko, em impressionantes 69 segundos (no Strikeforce / M-1 Global – Fedor vs. Werdum) após quase 10 anos sem sofrer uma única derrota. Ocorre que na sua volta ao Ultimate, Werdum mostrara impressionante evolução no seu jogo como lutador de MMA. Gerido pelo mestre Rafael Cordeiro, na Kings MMA, “Vai Cavalo” passou a demonstrar impressionante evolução no muay thai, utilizando bem as combinações com a envergadura. Na arte suave, seu carro forte, não teve decréscimo algum, sendo o segundo homem a finalizar Rodrigo “Minotauro” Nogueira (no UFC on Fuel TV 10 – Nogueira vs. Werdum). Tudo isso o credenciou para a disputa do cinturão interino contra o experiente Mark Hunt. E em mais uma surpresa, Werdum nocauteou o trocador nato, criado no Pride, tornando-se apto a desafiar o temido Cain Velasquez.



Werdum supera Velasquez, no México (Foto: Getty Images)

Werdum supera Velasquez, no México (Foto: UFC via Getty Images)

Nas casas de apostas, Werdum era grande azarão. Uma aposta de U$ 10,00 no brasileiro, proporcionava ao apostador um retorno de aproximados U$ 50,00 na véspera do combate. Isso porque Cain, o americano filho de mexicano, após grandes vitórias, havia devastado o ex-campeão da divisão, Júnior Cigano, por duas vezes. Possivelmente aquele Velasquez que entrou no octógono na noite do UFC 166 era imbatível. É provável que não há registros de um peso-pesado ter lutado 5 rounds de forma tão intensa como Cain o fez. No entanto, eles lutariam no México. Ai você, leitor, se pergunta? Mas não seria uma vantagem para o americano, que tem orgulho das raízes, e tem grande torcida por lá? Teoricamente sim. Mas Werdum estava muito mais adaptado as condições do local (a mais de 2000 metros acima do nível do mar) do combate do que o campeão. Werdum fez grande parte do camp para a luta contra Hunt, e também para a luta contra Velasquez no México. O americano, pelo contrário, chegou há apenas 15 dias antes na Cidade do México. Estava claro que “aquele Cain imbatível” não entraria na jaula no UFC 188. Somado a isso, a lesão que o afastou por 20 meses das lutas, também gerava desconfiança. O ritmo incansável havia ficado para trás. A trocação na média para a longa distância também eram arriscadas diante de Werdum, sem falar no chão do brasileiro, o melhor da categoria. A estratégia não podia ser outra. Investir no clinch, e buscar o nocaute rápido. Do contrário…

Werdum inaugura uma nova era entre os pesados do UFC (Foto: UFC via Getty Images)

Werdum inaugura uma nova era entre os pesados do UFC (Foto: UFC via Getty Images)

No evento principal do UFC 188, Cain iniciou o primeiro round encurtando a distância, impondo seu forte ritmo. Conseguiu uma queda, de guarda passada, e continuou andando pra frente (aproveitando a baixa movimentação lateral de Fabrício), evitando entrar na perigosa guarda do brasileiro quando no chão, até o fim do round, quando após levar alguns socos, teve seu rosto ferido. No início do segundo round, o brasileiro ainda se movimentava pouco, engolindo socos de Cain. No entanto, uma boa sequência do brasileiro balançou Velasquez até o fim do round, indo para o intervalo exausto e completamente sem rumo. No terceiro assalto, obedecendo os corners, buscou a queda por algumas vezes, até conseguir, mas sendo enlaçado por uma guilhotina perfeita do campeão mundial de jiu jitsu. A desistência veio aos 2:13 do terceiro round. Analisando com calma, dá pra ver que o brasileiro não era tão zebra assim, e que o resultado por ele obtido merece congratulações e nosso respeito.

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Escrito por Gabriel M. Neves



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