Faixa Preta de Jiu-Jitsu do mestre Fácio Andrade, Márcio André chega com tudo para as competições de 2015. Campeão Mundial em todas as faixas do Jiu-Jitsu, no mês passado, o carioca adicionou em sua coleção de medalhas de ouro, a do Campeonato Europeu de 2015. Focado nos sonhos e sem deixar a humildade de lado, o lutador bateu um papo descontraído com o Portal Nocaute na Rede. Falou da alegria em poder levar a vida como atleta do Jiu-Jitsu, assim como assuntos mais sérios. Confira!
Nocaute na Rede: Você tem origem humilde. Foi criado em Bangu e perdeu seu pai muito cedo. Se não fosse o Jiu-Jitsu em sua vida, como seria?
Márcio André: Não sei. Nem consigo imaginar como seria, eu não sou nada sem o Jiu-Jitsu. O esporte me deu um caminho, me mostrou outra alternativa, me leva a lugares incríveis. Eu uso terno todos os dias, só que ele tem um nome diferente: kimono. Eu perdi meu pai cedo, mas minha mãe fez uma missão incrível e não deixou nada faltar pra mim. Lógico que senti falta, porém ela estava comigo em todos os momentos. Ela me deu caráter e disse que eu posso conquistar o mundo.
NR: Algum dia imaginou que o Jiu-Jitsu seria sua vida, te fazendo viajar o mundo e conhecer outras culturas?
MA: Desde os meus primeiros passos no Jiu-Jitsu, eu já sabia o que queria. Eu sempre fui presente em todos os treinos. Eu gostava de treinar com os graduados para evoluir mais rápido. O Jiu-Jitsu me deu muitos carimbos no passaporte, me levou a lugares incríveis. Eu só tenho que agradecer por ter encontrado essa arte maravilhosa. O Jiu-Jitsu é uma ferramenta social incrível, todos deveriam conhecer.
NR: A sua familia sempre apoiou seu caminho no Jiu-Jitsu?
MA: Sim, sempre me apoiaram. A caminhada no Jiu-Jitsu de competições depende de muitos fatores além dos treinos. O patrocínio é o maior adversário do praticante. Eu demorei um pouco pra encontrar apoio para lutar, então minha mãe sempre estava ali me ajudando. Mas eu busquei alternativas também: já lavei muito carro, ajudei as pessoas a carregarem sacolas nos mercados. Tudo isso para pagar minha competição. Quando você olha para um campeão, não dá para imaginar o que ele passou para estar ali. Eu agradeço a Deus por me dar um dom e força de vontade para correr atrás dos meus sonhos.
NR: Para os praticantes do Jiu-Jitsu, receber a faixa preta é um sonho. Como foi receber a faixa no Mundial de Long Beach, na Califórnia, das mãos do seu Mestre Fábio Andrade?
MA: Na verdade, eu nem esperava. Muita gente não sabe, mas eu lutei com “apenas” um joelho naquela competição. Meses antes, eu só pedi a Deus para me deixar lutar sem me machucar mais. Ele me abençoou com a vitória. Eu já estava sem forças naquela final do Mundial. Quando Fábio jogou a faixa pra mim, minha vida passou em segundos na minua cabeça. O moleque que sempre sonhou tinha acabado de conquistar a faixa-preta. Sensação inesquecível. Ser faixa-preta é uma honra. É como se eu tivesse feito um gol na final do Mundial. Em vez de taça, eu ganhei a faixa.
NR: Para um menino simples e humilde, a fama e o dinheiro proporcionado pelas conquistas, pode subir a cabeça e mudar a pessoa. Como você lida com isso?
MA: Eu sempre lidei bem com isso. Não vou deixar conquistas me mudarem. Eu vim do nada, mas fui moldado com muita humilde e caractér. Eu tenho um professor especial, tenho ele como exemplo. A humilde sempre anula todos os pontos negativos que uma pessoa pode ter. Eu não posso me achar melhor que ninguém nunca, pois somos todos iguais perante a Deus. Todos os dias eu tento ser uma versão melhor de mim mesmo. Humilde para vencer e lidar com os bônus conquistados.
NR: O que você acha que falta para o Jiu-Jitsu se tornar um esporte olímpico?
MA: Na minha visão, tinha que ter somente uma federação no Jiu-Jitsu. Existem várias e todas com regras diferentes. É complicado falar desse assunto. Espero um dia ver o Jiu-Jitsu no patamar que ele merece, na televisão. É o melhor esporte do mundo.
NR: E sobre os rivais? Quais são os lutadores mais duros que o Márcio André vem enfrentando nos últimos anos?
MA: Pergunta difícil, rs. Já enfrentei atletas muitos duros e complicados nessa minha pequena carreira. Os irmãos Miyao foram alguns dele. Tivemos combates memoráveis. O Isaac Doderlein também. Ele é um adversário muito técnico e complicado. É difícil lutar com ele.
NR: Como está sendo a experiência de estar disputando as competições na faixa preta, ao lado de várias feras?
MA: Está sendo mágico. Imagina você viver o sonho que sempre almejou desde de moleque. Não tem preço. Minha missão no Jiu-Jitsu é deixar meu nome cravado na história do esporte. Isso só depende de mim. Eu treinei muito para chegar até a faixa-preta e hoje alguns dos meus ídolos acabaram se tornando rivais, mas é só ali dentro do tatame mesmo. Eu continuo tendo uma admiração por todos eles.
NR: Qual o foco do Márcio André daqui pra frente?
MA: Quero ser campeão mundial na faixa-preta. Minha meta é essa. Só penso nisso. E eu vou ser campeão mundial na faixa preta!
NR: Espaço aberto para o Márcio André.
MA: Primeiro, agradeço a Deus por me dar o melhor trabalho do mundo. Quero deixar um muito obrigado a Koral, Cemeru, Rexpeita e Bull Terrier. Eles são meus patrocinadores, caminham lado a lado comigo e deixam o caminho mais fácil. Obrigado, de coração.
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Escrito por Bruno Carvalho