Na noite de ontem, 26 de setembro, aconteceu o UFC 253, diretamente da “Ilha da Luta em Abu Dhabi. O tão aguardado encontro entre Israel Adesanya x Paulo Borrachinha foi a luta principal. E no duelo entre o “tanque de guerra brasileiro” e o “míssil teleguiado da Nigéria”, deu “and still”.
Os dois lutadores são ‘strikers’ e nocauteadores, mas com estilos completamente diferentes. O brasileiro é agressivo, gosta de ir pra cima lançando socos potentes. ‘Stylebender’ vai na base da espera, da distância da precisão e do contragolpe rápido e mortal feito uma flecha. A dúvida era quem conseguiria impor seu jogo e assim alcançar o resultado positivo. E o campeão foi magistral.
Adesanya conseguiu trabalhar na distância segura, mantendo o oponente à distância. Os low kicks “cantaram” na perna esquerda do brasileiro e deixaram marcas. O conforto do campeão era tão grande que até mesmo quando o desafiante tentava aproximar e lançar um chute, este passava no vazio. Com exceção de um ou dois golpes, contando socos e chutes, os demais acertavam apenas o vento. E as quedas?
Pra muita gente o jogo agarrado parecia ser uma estratégia óbvia, uma vez que na trocação o campeão é muito superior. Borrachinha inclusive teve Eric Albarracin, treinador de Henry Cejudo para seu ‘camp’. No combate, apenas uma vez tentou aproximar e agarrar o oponente na grande, porém não teve êxito. Entendo que o jogo de Adesanya como um tudo dificulta as coisas, mas tentar só uma vez me pareceu muito pouco.
Não vou afirmar qualquer coisa porque não sou Borrachinha e nem tenho sequer qualquer contato com ele, mas a impressão que ficou, pelo menos para mim, é que houve um maior medo de perder do que a vontade de ganhar. Sim, medo pode acontecer. O próprio Georges St. Pierre, considerado por muitos como maior lutador a pisar no ‘cage’ do UFC, já declarou que sentia um estresse insuportável por ter medo da derrota, mas isso o impulsionava.
Infelizmente a postura de Borrachinha acabou sendo um anticlímax. Todo mundo esperava um combate de arrepiar e isso dependia muito do brasileiro, que é o cara do jogo mais agressivo, que ataca o tempo todo e que era o desafiante ao título. Mas o que se viu foi um monólogo que terminou com um nocaute aos 3:59 do 2º round. No duelo de invictos, alguém tinha que cair e este foi o desafiante.
E não, não culpem as brincadeiras de Borrachinha por sua derrota. Vendo que seus planos não estavam dando certo, ele começou a provocar. Era uma maneira de desestabilizar o rival, fazendo jogo psicológico, tentando atrair o nigeriano para a luta mais franca. Mas Adesanya foi uma rocha, impenetrável também neste ponto. Não deu a menor importância e manteve o foco na missão. Ah, mais uma coisa. Não sejam tão imediatistas.
Pelas redes sociais, muitos começaram a bradar que ele seria uma vergonha para o Brasil e que deveria até parar de lutar. Borrachinha tem apenas 29 anos e uma boa margem para melhorar suas habilidades. Além disso, a divisão peso-médio é rasa, tem poucos lutadores brigando pelo topo. Então se ele vence uma ou no máximo duas lutas, já tá novamente numa disputa de título.
Quanto a Adesanya, provou mais uma vez que é diferenciado, bom dentro e fora do octógono, seja lutando ou no entretenimento, no jogo promocional. Em tempos em que o Ultimate não pode contar com seus mais tradicionais figurões para atrair o público, eis um nome que tem muito a oferecer, ainda mais do que já vem tendo.
Texto e edição: Kaio Lima
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