Já faz tempo que o Brasil deixou de ser o país do futebol. Decepções dentro de campo e escândalos fora dele, fizeram com que a atenção fosse desviada para outros esportes. E, fazendo jus ao trecho do hino nacional “Verás que um filho teu não foge à luta”, muitos brasileiros têm se destacado nas artes marciais. Considerado o berço da arte suave no mundo, o Rio de Janeiro será palco de um dos maiores eventos de jiu-jitsu já realizados, o Abu Dhabi Grand Slam Jiu-Jitsu Tour – RJ, que acontece dias 5 e 6 de dezembro, na Arena HSBC, na Barra da Tijuca.
Com entrada gratuita, a expectativa é de um público de 5 mil pessoas. Ao todo, serão 63 mil dólares em prêmios, e os campeões na faixa preta terão a chance de saírem com até 4 mil dólares em mãos – que serão pagos em dinheiro, na hora. Para abrir o show, foi escolhida a escola de samba campeã, Unidos da Tijuca, que promete uma verdadeira festa com a bateria, passistas campeãs do carnaval do ano passado.
Após passar por cidades como Tóquio (Japão) e Las Vegas (Estados Unidos), o principal responsável por trazer o evento para o Brasil é Mohammed bin Zayed Al Nahyan, um dos Sheik’s mais ricos do mundo e fundador da UAEJJF (Federação de Jiu-Jitsu dos Emirados Árabes Unidos). Mohammad Bin Zayed. Apaixonado pela arte suave, ele já instituiu o Jiu-Jístu como principal esporte em mais de 500 escolas e também tem o interesse de transforma-lo em número 1 do país.
De acordo com o coordenador da UAEJJF no Brasil, Zé Mario Sperry, o principal objetivo da organização é implementar políticas que desenvolvam o esporte em colaboração com várias entidades governamentais, instituições educacionais e outros parceiros, afim de promover o esporte local, regional e global.
Referência nacional em arbitragem, o faixa-preta, quarto grau, Luciano Mendes garante que será a maior oportunidade dos amantes da arte suave acompanharem de perto a elite do esporte mundial. Uma vez que o evento terá disputas de atletas consagrados como Gabriel “Fedor” Lucas, Fernanda Mazzelli, Ricardo Evangelista, além da presença das principais lendas das artes marciais. Vice-presidente de Regras da Liga do Estado do Rio de Janeiro de Jiu-Jitsu, o mestre conhecido também como Pirulito, destaca a importância dos competidores acompanharem as atualizações. “As regras estão sempre mudando, às vezes, uma punição pode eliminar o atleta que treinou muito tempo para desempenhar os movimentos corretamente, mas não se atentou às proibições e desperdiçou a vitória”, ressalta Luciano Mendes.
Mulher, longe de ser um sexo frágil
Os motivos que as levaram à praticarem o jiu-jítsu são extremamente diversificados. Enquanto para umas, os treinos representam uma válvula de escape do estresse diário. Para outras, a busca pelo melhor preparo físico ou ainda o desenvolvimento de uma defesa pessoal. Independentemente do resultado no tatame, os objetivos das atividades costumam ser a superação e a autoconfiança.
Há algum tempo, o rótulo “sexo frágil”, deixou de estereotipar as mulheres no dojô. Em 1990, Yvone Duarte foi a primeira mulher a ser graduada faixa preta de Jiu-Jitsu, recebendo esta honra das mãos do Mestre Osvaldo Alves. Após esse divisor de águas, o sexo feminino conseguiu vencer o preconceito e viver do esporte. Seja através da profissionalização, como as consagradas medalhistas Kyra Gracie e Gabi Garcia ou ainda como atletas amadoras que disseminam o conhecimento aos alunos.
Aos 38 anos, Fernanda Bastos entrou no jiu-jitsu em 1988 e já acumula 4 graus em sua faixa-preta. Professora de educação física, na rede pública de ensino no Rio de Janeiro, ela implantou a arte marcial no Ciep Augusto Pinheiro de Carvalho, em Marechal Hermes, através do apoio da equipe Luciano Mendes que cedeu os tatames até a prefeitura fornecer os materiais necessários. “A minha vocação é educar e a minha ferramenta é o jiu-jitsu”, afirma Fernanda Bastos que conheceu o esporte por intermédio do irmão e hoje orgulha-se do seu trabalho junto a 100 crianças nas escolas.
Outra mulher a testar o seu potencial com o intuito de provar que a arte suave era a melhor e mais eficiente entre todas as artes marciais foi a carioca Marcelle Cantanhede. Aos 28 anos, a faixa-preta deixou o Subúrbio do Rio para dar aulas às crianças em Al Ain, Abu Dhabi.
“Há 16 anos entrei para um projeto social e nunca mais parei de treinar jiu-jitsu. Em setembro deste ano, através do incentivo do meu mestre Luciano Mendes, consegui aproveitar a oportunidade nos Emirados Árabes e desempenhar o trabalho que infelizmente ainda não é tão reconhecido no Brasil”, explica a professora Marcelle Cantanhede que precisar estar sempre aperfeiçoando a sua fluência no inglês para ter direito a bolsa mensal e moradia no exterior.
No último dia 27, o Conselho Educacional de Abu Dhabi e a Palm Sports quebrou o recorde de maior aula de artes marciais do mundo, com o Guiness Records reconhecendo a presença de 3500 crianças no tatame, oriundas das escolas de Abu Dhabi, onde o ensino de Jiu Jitsu faz parte da grade escolar.
SERVIÇO:
Abu Dhabi Grand Slam Jiu-Jitsu Tour – Rio de Janeiro
Data: 5 e 6 de dezembro, início às 9horas.
Local: HSBC Arena – Av. Embaixador Abelardo Bueno, 3401 – Barra da Tijuca
Entrada Franca
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