Análises, resultados e bônus – A leitura do UFC 202: Diaz vs. McGregor 2

Conor McGregor se vinga e bate Nate Diaz por decisão apertada na revanche
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Las Vegas é uma cidade abençoada, sorte a de quem mora por lá e pode presenciar tantas lutas históricas que definitivamente serão lembradas por centenas de anos. Neste grande sábado, que também contou com a emocionante conquista do ouro olímpico por parte da seleção brasileira masculina de futebol, o Ultimate Fighting Championship executou o UFC 202, que contou com ótimas lutas, das quais vamos tratar aqui hoje.

 



Na luta principal da noite, o notório irlandês e campeão peso pena do UFC, Conor McGregor fez a revanche com seu único revés no UFC, Nate Diaz.

No primeiro round, McGregor manteve a luta na longa distância, foi trabalhando os low kicks e controlando o centro do octógono durante um bom tempo, coisa que deu muito certo. Diaz foi tentando os jabs longos e foi respondendo os low kicks também. McGregor conseguiu um knockdown logo cedo, com um bom direto de esquerda, mas preferiu não ir para o solo trabalhar o ground and pound e deixou Diaz levantar, coisa que teve um lado bom, que foi não correr o risco de ser finalizado na guarda do americano, e um ruim, que foi não ter tentado terminar a luta. McGregor foi trabalhando bem os contragolpes e levando vantagem em pé durante boa parte do tempo, o que me fez marcar 10-9 pra ele.

McGregor começou o segundo round controlando o centro do octógono e conseguiu outro knockdown no minuto inicial do segundo round, passado alguns segundos, McGregor conseguiu outro knockdown, mas novamente ele não foi para o ground and pound e deixou Diaz levantar. McGregor foi soltando low kicks atrás de low kicks, o que foi minando muito a movimentação do norte-americano, que conseguiu trabalhar bem o jogo de clinch na grade nos segundos finais do combate. Marquei outro 10-9 para o irlandês.

McGregor começou a cansar já no inicio do terceiro round. Diaz entrou colocando mais pressão, andando para frente, tentando controlar o centro do cage e colocar o irlandês na grade, onde trabalhou novamente o clinch, com alto volume de golpes. No final do terceiro round, Diaz cresceu muito na luta e atropelou McGregor com combinações em alto volume na grade. Fui de 10-9 Diaz.

O quarto round começou mais parelho e devagar. McGregor ia se movimentando mais do que no round anterior, tentando bater e sair com passadas laterais, além de continuar usando os low kicks. O irlandês voltou a ter vantagem em pé durante boa parte da primeira metade do round, enquanto Diaz novamente chegou no clinch e foi trabalhando as joelhadas, socos e tentativas de queda. Conor conseguiu reverter e ficou na vantagem no clinch por alguns segundos. De volta na trocação, Nate acertou bons golpes, mas Conor logo voltou a ter vantagem na troca de golpes. Marquei 10-9 McGregor.

Novamente o início do round foi pouco movimentado e Nate só conseguiu levar para a grade no final do primeiro minuto. McGregor foi se defendendo bem, logo se desvencilhou e voltou a trocação, mas Diaz clinchou de novo. O americano tentou uma queda e quase conseguiu, mas a defesa de McGregor, mesmo cansado, foi suficiente. A luta foi se embolando no clinch e no dirty boxing durante um bom tempo, e por ali mesmo a luta terminou, indo parar nas mãos dos juízes. Marquei 10-9 Diaz.

Ao final da luta, dois juízes marcaram 48-47 para McGregor e um marcou um empate por 47-47, o que resultou numa vitória do irlandês por decisão majoritária. Somando minhas pontuações, ficou 48-47 McGregor.

Uma coisa ficou mais clara do que nunca para mim, o condicionamento físico de Conor McGregor é bem inferior ao da elite das divisões mais leves do MMA (de 77kg para baixo). Quando fiz a prévia dessa luta no PitacoEsportivo.com, tinha dito que o condicionamento físico dele era difícil de prever, já que contra Max Hollaway, ele lutou três rounds com cardio impecável, mas contra Chad Mendes, se cansou ainda no segundo round; contra Dennis Siver, lutou muito bem durante dois rounds, mas contra Nate Diaz, cansou novamente no segundo e, dessa vez, cansou a partir do terceiro. Ele nocauteou muita gente com sua trocação brilhante, mas parece que ele depende disso para vencer os melhores do mundo. Não sei como ele vai lidar com lutadores como José Aldo, Frankie Edgar ou Eddie Alvarez sem conseguir um nocaute nos dois ou três primeiros rounds, porque o nível desses lutadores nos rounds de campeonato (4 e 5) são muito superiores ao do desempenho de Nate Diaz nessa luta. Eu gosto de falar que MMA não é como uma competição de cem ou duzentos metros rasos, e sim como uma maratona muito sinistra; e Conor McGregor é, proporcionalmente, um dos melhores que já vimos nos duzentos metros rasos. Parabéns para o Conor McGregor pela dura vitória sobre seu único algoz no Ultimate, só espero que ele volte logo ao peso pena ou deixo o título vago, porque travar a categoria dessa forma é muito ruim para o esporte.

 

No co-main event da noite aconteceu uma das lutas mais brutas que poderiam ser casadas no plantel do UFC: Anthony Johnson x Glover Teixeira!

Na luta mais brutal da noite, Anthony Johnson encaixou um uppercut de direita monstruoso no início do primeiro round… e só. A luta acabou aí.

Eu realmente acredito que Anthony Johnson seja o ser humano mais brutal no plantel do UFC, incluindo todas as categorias, e é realmente complicado lutar contra alguém que não pode te tocar, senão é LIGHTS OUT, BITCH!

 

Numa luta bem interessante no peso meio-médio, o Cowboy mais sinistro do planeta, Donald Cerrone enfrentou o duro wrestler Rick Story, que se auto proclama uma história de horror.

Cerrone começou procurando o clinch, mas isso durou muito pouco e ele não voltou a usar isso até o final da luta. Uma ferramenta muito boa do Cowboy foi usar o trabalho de pernas com movimentação lateral, o que lhe garantiu uma boa vantagem na trocação.

Story foi pressionando, andando para frente, tentando encurralar o adversário e foi entrando com sequências de cruzados, provavelmente a fim de encurtar a distância.

Cerrone buscou uma queda e consegui aplica-la nos primeiros trinta segundos de luta, buscando a transição no solo para a meia guarda e trabalhando o controle posicional por um tempo, até Story reverter a posição, levantar e começar a trabalhar o clinch na grade.

Story conseguiu quedar após alguns segundos de trabalho na grade e entrou na afiada guarda de Cerrone, que tentou finalizar com omoplatas, triângulos e chaves de braço, mas Story se defendeu bem e conseguiu uma posição confortável por cima.

Faltando dois minutos, a luta voltou a trocação, onde Cerrone era mais técnico e acertava bons golpes, principalmente as joelhadas e chutes frontais no corpo, além de low kicks e combinações com as mãos. Story respondia, mas num volume menor.

10-9 para Donald Cerrone no primeiro round.

Story voltou para o segundo round pressionando, mas continuou na desvantagem enquanto a luta se desenrolava em pé. Ele também tentou algumas quedas, mas não foi bem sucedido em nenhuma delas.

Cerrone foi controlando a distância e soltando ótimas combinações, até que Story sentiu os golpes, foi a knockdown e foi brutalmente finalizado com o ground and pound do Cowboy.

Mais uma performance espetacular de Donald Cerrone no peso meio-médio, novamente sobre um adversário duro. Estava interessado em ver até onde ele iria na categoria, mas na entrevista pós luta ele chamou Eddie Alvarez, atual campeão peso leve do UFC, para a chincha. Khabib Nurmagomedov também está na lista para disputar o cinturão, vamos ver o que acontece.

 

Novamente nos meio-médios, a sensação sul-coreana Hyun Gyu Lim enfrentou o promissor norte-americano Mike Perry, que colocou sua invencibilidade em jogo.

Mike Perry conseguiu uma estreia no UFC brilhante, nocauteando um bom lutador no primeiro round. Com boas combinações e contragolpes mortais, Perry pegou Hyun Gyu Lim várias vezes e conseguiu três knockdowns, além de ter trabalhado um controle posicional agressivo por cima no solo e um ground and pound muito potente.

Perry é um garoto muito novo, com apenas 24 anos e começou com o pé direito no UFC. Vale a pena ficar no norte-americano, que é mais um prospecto interessante atuando na maior organização do planeta.

 

No peso galo, o prospecto que já virou realidade na categoria, Cody Garbrandt colocou sua invencibilidade em jogo ao enfrentar o japonês também bem ranqueado na divisão, Takeya Mizugaki.

Cody foi explosivo e sensacional, terminando a luta ainda no primeiro round. Começando a combinação entrando com uma finta com a mão esquerda, Garbandt encaixou um belo cruzado de direita na ponta do queixo do japonês, que foi a knockdown na mesma hora. O norte-americano, mostrando o mesmo instinto assassino que aniquilou Thomas Almeida, trabalhou um ground and pound brutal e encerrou o combate, conseguindo mais uma vitória espetacular e desafiando Dominick Cruz, o atual campeão e o melhor peso galo da história do esporte.

Cody Garbrandt tem mãos muito rápidas, um poder de nocaute absurdo, uma sede insana por sangue e é possivelmente o atleta mais promissor da categoria, além da técnica do mais alto nível. Mal posso esperar para vê-lo novamente no octógono.

 

Confira todos os resultados oficiais do UFC 202:

Conor McGregor venceu Nate Diaz por decisão majoritária (48-47, 48-47 e 47-47)

Anthony Johnson venceu Glover Teixeira por nocaute aos 13s do R1

Donald Cerrone venceu Rick Story por nocaute técnico aos 2m02s do R2

Mike Perry venceu Hyun Gyu Lim por nocaute técnico aos 3m38s do R1

Tim Means venceu Sabah Homasi por nocaute técnico aos 2m56s do R2

Cody Garbrandt venceu Takeya Mizugaki por nocaute técnico aos 48s do R1

Raquel Pennington venceu Elizabeth Phillips por decisão unânime (triplo 30-27)

Artem Lobov venceu Chris Avila por decisão unânime (triplo 30-27)

Cortney Casey venceu Randa Markos por finalização aos 4m34s do R1

Lorenz Larkin venceu Neil Magny por nocaute técnico aos 4m08s do R1

Colby Covington venceu Max Griffin por nocaute técnico aos 2m18s do R3

Marvin Vettori venceu Alberto Uda por finalização aos 4m30s do R1

 

Bônus: a serem anunciados.



Categorias
LutasMMAMMA InternacionalOpiniãoUFC

Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
Sem Comentários

Responder

*

*

19 + vinte =

RELACIONADO POR